A direita derrubou Dilma Rousseff, prendeu o ex-presidente Lula e está prestes a colocar na Presidência um candidato impopular, sem qualquer vínculo real com a população. No entanto, nem tudo são flores no interior da burguesia: o PSDB, que é o partido de maior confiança do imperialismo, se encontra em uma grave crise.
Embora todos os setores mais predominantes da burguesia tenham se unido para atacar o PT e o movimento operário de conjunto, o bloco golpista que assaltou o Regime Político vive em crise. Afinal, o capitalismo se encontra em uma crise mundial sem precedentes, levando a burguesia de todos os países ao completo desespero diante da incerteza que paira sobre a cabeça dos banqueiros.
A situação caótica para a qual o capitalismo está empurrando toda a humanidade tem causado uma série de eventos outrora inimagináveis. Donald Trump, contrariando os interesses dos maiores bancos e empresas do mundo, venceu as eleições norte-americanas em 2016. No mesmo ano, a burguesia britânica se viu derrotada em um referendo que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia.
Todo esse cenário imprevisível nos países desenvolvidos, somada com a enorme revolta em que se encontra a população brasileira, impede que haja um consenso no interior do bloco golpista sobre como lidar com a situação política. Há desde setores que defendem uma intervenção militar imediata, até mesmo setores que defendem que Bolsonaro seja eleito e governe de maneira “democrática”, isto é, sem fechar o Congresso. O Supremo Tribunal Federal também é outro indicativo da crise, particularmente nos casos referidos à interferência do Judiciário sobre os demais poderes.
Nessa semana, o Diretório Municipal do PSDB da cidade de São Paulo decidiu expulsar alguns de seus filiados, entre eles o antigo quadro Alberto Goldman. João Jorge, que é membro do Diretório e é aliado de João Doria, afirmou que Goldman e os demais foram expulsos por “infidelidade partidária”. Segundo as acusações de João Jorge, Alberto Goldman teria sido infiel ao seu partido por apoiar, em São Paulo, o candidato Paulo Skaf, do MDB, ao invés de apoiar o candidato João Doria, do PSDB.
As divergências entre Goldman e Doria não são, obviamente, uma questão de opinião, nem de legislação partidária. Nem Goldman decidiu apoiar Skaf por discordar do “programa” de Doria, nem o aliado de Doria expulsou Goldman para cumprir com o estatuto do PSDB.
Os conflitos no PSDB são motivados pelos interesses dos setores que representam – e a tendência é que esses conflitos se intensifiquem, visto que a crise do golpe é tão grande que o imperialismo não conseguiu sequer levar o candidato do PSDB para o segundo turno. Diante da crise da burguesia, os trabalhadores devem se organizar para derrubar esse Regime Político, que já está apodrecido, e expulsar essa escória do poder.