Na última quinta-feira (1), o governo paraguaio assinou um decreto cancelando o acordo bilateral com o Brasil em relação à energia da hidrelétrica de Itaipu. Há anos, o Paraguai compra energia da hidrelétrica brasileira, mas, com o cancelamento do acordo, o Brasil terá de renegociar a venda de sua energia para o país vizinho após o ano de 2022.
O acordo que foi cancelado faria com que o governo paraguaio gastasse U$ 200 milhões de dólares a mais com a estatal que gerencia a energia do país latino. Por isso, a burguesia paraguaia já vinha, há muito tempo, pressionando o governo para que o acordo fosse dissolvido.
O cancelamento do acordo foi a saída apontada pelos governos Bolsonaro e Trump para impedir a queda do atual presidente paraguaio, Abdo Benítez. Em meio a uma enorme crise política, Benitez está enfrentando um processo de impeachment, que poderá levar seu mandato ao fim.
Se concretizado, o impeachment de Benítez seria o segundo em menos de uma década no Paraguai. Fernando Lugo, presidente de esquerda, foi derrubado em 2012 por meio de um golpe encoberto por um processo de impeachment.
O impeachment de Lugo foi o primeiro de uma série de ataques que o imperialismo vem empreendendo contra América do Sul nos últimos anos. Depois desse golpe, Dilma Rousseff, no Brasil, foi derrubada, Mauricio Macri, na Argentina, venceu eleições montadas em meio a uma campanha intensa da burguesia contra o kirchnerismo e Lenin Moreno, no Equador, traiu seu partido e suas bases e se mostrou um verdadeiro capacho dos Estados Unidos.
A discussão em torno do impeachment do presidente do Paraguai, que é da extrema-direita, mostra a crise profunda em que os golpistas estão imersos. Nesse sentido, a crise do Paraguai é uma espécie de prenúncio para todos os países vizinhos: a política neoliberal levará todos os países ao desastre e fará todos os povos se chocarem contra os interesses dos capitalistas.