A retomada da economia prometida por Paulo Guedes não aconteceu. Pelo contrário, a recessão que se aprofundava no governo Temer começa a tomar a forma de uma crise ainda mais profunda. Isso porque apesar os níveis de desemprego no país não retornam a uma faixa de normalidade para o sistema capitalista, que é em média de 5% da população economicamente ativa.
Sem que hajam pessoas empregadas, fica inviável uma retomada do consumo, já que sem previsão de abertura de postos de trabalho, tanto o operário quanto o varejista acham melhor não apostar no endividamento a longo prazo. A saída acaba sendo diminuir a demanda, tanto na economia doméstica quanto nos pedidos feitos para a indústria.
Atualmente lojistas da cidade de São Paulo tem procurado – como solução para o baixo consumo – reduzir seus estoques de produtos. Os pedidos que antes eram suficientes para a demanda de 60 dias, agora tem durado em torno de 20, o que significa reduzir em dois terços a demanda por pedido.
Existem duas consequências claras a partir de então. A primeira é que o valor médio unitário de cada produto tende a aumentar já que se torna necessário diluir o preço do transporte por uma quantidade menor de produtos finais a serem revendidos. Neste sentido quem sai prejudicado é o trabalhador, que não tem reposição salarial devido a inflação enquanto direito garantido.
A segunda consequência é que começa a se desenhar uma crise sem precedentes na economia nacional. Uma vez que a demanda do comércio tem diminuído, a indústria acaba sendo diretamente afetada pela baixa procura, que gera acúmulo dos estoques. Desde janeiro a quantidade de produtos estocados em depósitos das fábricas tem sido maior que 50%.
Esse processo é chamado de superprodução, foi o mesmo processo que levou os Estados Unidos a um colapso de seu sistema financeiro em 1929, o chamado “crash” da bolsa de Nova Iorque. Embora o exemplo histórico seja famoso, não há quem se demonstre disposto a resolvê-lo no governo Bolsonaro.
Pelo contrário, os níveis de desemprego e subemprego no país vem se mantendo altos e, sem perspectiva de retomada de investimentos, a tendência é que a economia vá por água abaixo. A população desempregada não pode ser responsabilizada pela queda no consumo, nem por alguns capitalistas começarem a ir à falência. A saída para essa crise é a derrubada de quem tenta fazer o povo pagar a conta: o governo ilegítimo de Bolsonaro.