A crise do coronavírus continua a se expandir nos setores mais pobres da população. Bairros operários e favelas inteiras não fazem a mais remota ideia do grau de expansão, os contaminados e as vítimas do coronavírus.
Os mortos da classe operária sequer são diagnosticados, e estão sendo enterrados como vítimas de alguma crise respiratória, em valas comuns, feitas, às escondidas, quando possível, pelos governantes golpistas.
Escondem os dados para forçar o povo a voltar à labuta, a trabalhar normalmente em meio a uma pandemia mortal. Não querem perder os rendimentos do mercado em funcionamento, e, na conta final, vale a pena esperar o estrago no meio do povo, para tocar os negócios capitalistas, de qualquer maneira, agora com salários mais baixos.
Oficialmente, o coronavírus já matou mais que a violência comum no ano de 2020. Em média, o vírus está matando até oito vezes mais que os homicídios registrados. Ou seja, o Estado está matando mais que a chamada “violência”, e seus representantes pretendem jogar a culpa desse genocídio nas costas do povo.
Extra-oficialmente é difícil mensurar o desastre no meio da população pobre. O site que junta informações cartoriais de óbitos por insuficiência respiratória (Portal da Transparência) computa, neste momento, mais de 45 mil mortos apenas no ano de 2020, faltando pouco para bater todo o ano de 2019 (47 mil). Claro que estes números são, em sua maioria, óbitos entre a população pobre, que é quem está largada à própria sorte para sobreviver à pandemia e a crise crise econômica.
A chamada violência, como se sabe, também é resultado da ausência do Estado, seja em políticas de saúde, seja educação e trabalho. Com a crise que se atravessa, a tendência dos números de roubos, homicídios etc. é aumentar consideravelmente. São crimes e mortes patrocinadas pelo estado golpista, controlado pela burguesia.
Diante disso, a direita apresenta seu plano de aumentar as penas, os crimes; lotar o sistema penal até a implosão, aumentar a repressão contra o povo, aumentar a rotina macabra de mortes cometidas por policiais militares.
A verdade é que estão fazendo as contas de quanto que se pode lucrar com a pandemia, com a morte de parcela significativa do povo. A crise de saúde é um dos pretextos, por exemplo, para a privatização do sistema penal, ou para a remoção de bairros inteiros, bairros dos pobres.
Já aproveitaram a crise para rebaixar os salários, para a demissão em massa, e tudo com a chancela do Poder Judiciário, que é composto por gente não eleita, que não presta contas para ninguém, e também por isso cumpre, à risca, o que manda os poderosos. São medidas que irão aumentar a miséria do povo.
A luta precisa ser feita contra o Estado, seus representantes, os responsáveis pela crise atual. O povo, que já se organiza em conselhos populares para tal missão, sabe que os políticos da burguesia só enxergam o dinheiro, e que só atenderão os anseios populares pela força, e é este o único caminho para evitar uma tragédia ainda maior no meio da classe trabalhadora, no meio da população negra.