A Conmebol ofereceu a todas as redes de televisão aberta do Brasil os direitos de transmissão da Copa Libertadores da América e da Copa Sulamericana. Isto se deu após a Rede Globo, dona dos direitos, ter rescindido seu contrato de transmissão com a entidade máxima do futebol sulamericano.
Record, Bandeirantes, SBT, RedeTV! e a própria Rede Globo foram sondadas e a Conmebol espera que os direitos sejam divididos entre duas emissoras de modo a totalizar um contrato tão grande quanto o anterior com a Globo.
Outro ponto importante é a rapidez com que a organizadora da Libertadores espera fechar os contratos. Para isto, até dispensou licitação, preferindo uma negociação mais direta, reduzindo o tempo necessário. A competição está marcada para retornar em setembro e a entidade não quer que sua principal competição fique sem transmissão na televisão aberta.
Um ponto interessante é que a crise capitalista, acentuada pela pandemia, fez com que a Globo perdesse sua capacidade de manter o monopólio de transmissões do futebol. Entretanto, isso não significa que a Globo está acabada, mas em crise explícita. Ainda assim, continua sendo a emissora mais poderosa do Brasil.
É difícil especular o que acontecerá com o contrato de transmissão da Libertadores. Pode ocorrer, até mesmo, a Globo conseguir retomar o monopólio, porém gastando bem menos. Basta que as outras emissoras não consigam se estruturar a tempo para adquirir os direitos de transmissão. Como o prazo estabelecido pela Conmebol é bem curto, não é possível descartar esta situação.
Cabe lembrar que contratos de transmissão não são apenas “quem paga mais, leva”, mas também exigem que a emissora atenda a certos critérios como capacidade de transmissão, padrões de qualidade, etc. E é nesse ponto que monopólios, como a Globo, fazem seu poder valer. A infraestrutura da emissora, fruto do monopólio de décadas sobre as transmissões de TV aberta no Brasil, permitiu que esta atenda a estes requisitos. Tudo dependerá de como forem negociados os direitos de transmissão e as exigências da Conmebol.
Outro ponto de como os monopólios distorcem a lógica capitalista é o fato de que a Conmebol pode se ver forçada a aceitar qualquer coisa se não conseguir ofertas que atendam minimamente a seus interesses. Isto se dá, mais uma vez, pelo fato da Rede Globo não ter permitido o crescimento das demais emissoras.
A situação envolvendo os direitos de transmissão da Libertadores são a prova definitiva de que para o futebol continuar existindo como uma manifestação popular, o capitalismo deve ser derrotado. Monopólios, como a Globo, acentuam as crises e podem gerar situações como esta, onde as massas podem ficar sem poder assistir à mais importante competição de clubes das Américas.