O crescimento exponencial da plataforma digital OnlyFans, em que usuários postam “nudes” e outros conteúdos ou pagam assinaturas para acessá-los, configura uma nova forma de prostituição, em que as mulheres mais uma vez são vítimas do capitalismo fracassado.
O que vem sendo justificado pela mídia, como um efeito colateral da pandemia, pelo aumentou do desemprego e pelo isolamento social que supostamente levou à abstinência sexual, na verdade é resultado direto da crise do capitalismo, que para sobreviver cria novos mecanismos de exploração das classes menos favorecidas e oprimidas onde estão as mulheres.
O OnlyFans diz ter superado, em 2020, a marca de 100 milhões de usuários, entre os que postam fotos e vídeos mediante uma mensalidade (que varia entre R$ 27 e R$ 270) e seus fãs, que assinam uma espécie de pay-per-view para observar alguém.
Criada no Reino Unido em 2016, a plataforma repassou mais de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) a seus criadores de conteúdo em dezembro do ano passado. Foi um aumento de 370% em relação ao mesmo mês de 2019, diz Jessica Alper, executiva de mídia do OnlyFans. A plataforma fica com 20% da arrecadação com assinaturas.
Até dezembro do ano passado só existia a Only Fans, quando surgiu a concorrente brasileira Nudz. Ao contrário da Only Fans, que surgiu em 2011 apenas como uma forma de portfólio pago, o Nudz já foi concebido com o objetivo de oferecer conteúdos eróticos, e já conta com cadastros de diversas modelos do segmento sensual.
Artistas e mães trabalhadoras de outros ramos, pela falta de oportunidade, também estão sendo forçados a se venderem nessas plataformas. O receio é de que não consigam mais voltar aos seus antigos empregos, pelo estigma e preconceito que representa ser uma trabalhadora do sexo.
Essa pretensa fonte de renda, que não pode ser considera como um emprego, explora as mulheres duplamente e reforça a exploração dos oprimidos. Por um lado, são exploradas por terem como única opção para sobreviver a venda dos seus corpos, por outro, ter que se colocar como objeto sexual, quando tem seus nudes utilizados para as experiências eróticas virtuais.
O que essa nova modalidade do mercado erótico virtual fez foi facilitar e difundir uma forma de prostituição velada. E em um momento de crise econômica, sanitária e social que estamos vivendo, acaba parecendo de certa forma rentável para aquelas. Contudo, é muito preocupante ver esse crescimento e não ter uma análise de como esse mercado acaba por atrasar a luta para emancipação das mulheres trabalhadoras.