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Carestia

Crise capitalista e pandemia: maior alta dos alimentos desde 2014

O preço dos alimentos, controlado por um pequeno número de grandes empresas capitalistas, está mais alto que o pico de 2014

Cada vez é maior o número de pessoas que passam fome porque não têm dinheiro suficiente para comprar alimentos. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) informou nesta quinta-feira (4) que os preços internacionais dos alimentos mais vendidos (açúcar, óleo, cereais, produtos lácteos, carne) alcançou a média de 113,3 pontos em janeiro, 4,3% a mais que em dezembro de 2020, alcançando seu nível mais elevado desde julho de 2014. (UOL, 4/2/21)

A maior alta ocorreu com o açúcar (8,1%) em função de problemas climáticos, aumento do preço do petróleo e da moeda brasileira. O preço do milho, em alta no mercado internacional, fez os cereais subirem 7%. Nesse caso o motivo foi a suspensão temporária das exportações argentinas e a grande demanda da China, para a alimentação animal. Mas o trigo também aumentou bastante (6,8%), devido ao aumento do imposto para exportação definido pela Rússia, o maior exportador mundial.

Depois de décadas sendo um dos países com maior contingente de pessoas passando fome, o Brasil saiu do Mapa da Fome da FAO em 2014. Isso só foi possível graças à “combinação do trabalho devotado de milhões de famílias camponesas país afora – sim, 70% do que o povo come vem de mãos camponesas – com políticas públicas de apoio à produção e de formação de estoques públicos” afirma Frei Sérgio Görgen, dirigente do Movimento de Pequenos Agricultores (Brasil de Fato, 15/12/20).

A partir do golpe de 2016 as políticas públicas que garantiam a alimentação da população foram sendo desmontadas. Os golpistas Temer e Bolsonaro foram responsáveis pela extinção de órgãos públicos que cuidavam da produção de alimentos, pelo desmonte da Companhia Nacional de Abastecimento, a CONAB, que cuidava dos estoques públicos, pelo fim das compras públicas, pelo crédito direcionado somente aos grandes produtores de soja, pelo incentivo à importação de alimentos para forçar a quebra dos agricultores familiares, entre outras ações que acabaram fazendo com que a área plantada de feijão, arroz, mandioca, batata, trigo, verduras e frutas despencasse a partir de 2016.

Agricultura familiar é quem produz alimentos. Foto: Reprodução

Segundo Frei Sérgio Görgen o resultado dessa política no Brasil está por todo lado: “Desmonte do sistema produtivo, baixa produção, pouca oferta, mesmo com procura modesta, explode preço”.

Segundo a FAO, a produção mundial de alimentos é suficiente para alimentar toda a população do planeta. “Em todo o mundo, em média já produzimos mais de duas mil quilocalorias (kcal) por pessoa, o nível mínimo de energia que os humanos exigem de acordo com as normas do USDA para a dieta. Ainda assim, com toda essa produção, 780 milhões de pessoas vivem com fome crônica , muitas delas em áreas rurais dependentes da agricultura para sua subsistência”. (DMT, Andrew Smolski, 23/9/20)

Mas porque falta tanto alimento? É resultado da lógica capitalista. A busca incessante pelo lucro faz que que o controle da produção de alimentos se dê em função da dinâmica dos preços. Não é que se produz menos para que os preços subam. A produção até ocorre, mas uma parte do que é produzido não vira mercadoria, não entra no mercado, é jogada fora para que os preços se elevem. Isso ocorre mais com a horticultura, cujo ciclo de produção é menor e mais volátil. Mas também pode ser observado em outras culturas, até mesmo em grandes estoques que são deixados fora do mercado mundial para que os preços aumentem e os lucros dos capitalistas intermediários sejam maiores.

Essa lógica está presente tanto no Brasil quanto nos demais países capitalistas. E o controle dos preços é feito em bolsas de mercadorias que movimento centenas de bilhões de dólares por dia.

O “mercado de alimentos” no mundo é controlado por poucas empresas. “Menos de 50 grandes transnacionais controlam a produção de sementes, os demais inputs agrícolas e a produção e distribuição de alimentos no contexto mundial. Formam, pois, um oligopólio alimentar. Só as 12 maiores empresas entre as 50 (Monsanto, Cargill, Nestlé, Kraft Foods, Coca Cola, Pepsi Cola, Bunge, Unilever, Tyson Foods, ADM, Danone e Marte) controlam 27% do mercado mundial e cerca de 100 cadeias de distribuição e venda 40% de tal mercado” (IHU, 9/2/18).

No mundo inteiro, quem produz alimentos são os pequenos agricultores familiares. Quem produz a fome é o capitalismo.

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