Nesta terça-feira (22), a assembleia legislativa aprovou em primeiro turno o projeto do governo que autoriza a construção de 200 colégios militares no estado do Paraná. A decisão foi aprovada praticamente unanimemente, com 45 votos a 6. A gestão desses colégios militares seria necessariamente compartilhada entre militares e civis, e irá ocorrer do sexto ao nono ano do ensino fundamental e no ensino médio.
O projeto ainda proclama que a implantação desse “modelo” militar de escola será de livre escolha da comunidade escolar de cada cidade que possuir mais de 10 mil cidadãos por meio da consulta pública. Isso quer dizer que em cidades com menos de 10 mil cidadãos, a comunidade escolar local não terá possibilidade de escolher, sendo reservado esse direito as entidades governamentais.
É importante que fiquemos atento para o problema em mãos: A previsão de construção destas 200 escolas militares no estado do Paraná, em alguns lugares supostamente aceita por “livre e espontânea” vontade, em outros simplesmente forçados, representa um avanço da extrema-direita militar sobre a educação publica.
Vemos uma compreensão dessa questão pela oposição vocal ao projeto. Foi afirmado que esse projeto é inconstitucional, que é “uma proposta discricionária, pois não esclarece os métodos de escolha dos municípios que irão sediar essas escolas, bem como o método de escolha dos profissionais da reserva que irão atuar nessas instituições”, como ressaltou o deputado Tadeu Veneri (PT).
O avanço da extrema direita sobre a educação publica não é nada novo, por outro lado o que esse projeto esclarece é que os setores militares do governo tem capacidade e se sentem confortáveis para realizar esse tipo de ataque violento aos estudantes e a já sucateada educação publica brasileira, mesmo que algum tipo de repercussão seja esperada.
Essa decisão acerca dos 200 colégios militares representa, como todo avanço da extrema-direita na educação, uma grave ameaça aos estudantes e professores. A questão central do colégio militar é o caráter ditatorial da escola, do regime dos militares sobre o corpo de professores, que são selecionados baseados em sua afinidade com a ideologia barata da direita militar, e a completa falta de voz dos estudantes perante esta instituição, que ridiculamente se intitula como o melhor centro de educação que a educação publica pode oferecer uma grande piada.
A situação também é de vida ou morte, pois os Colégios Militares já demonstraram sua capacidade de agirem independentemente das vontades das comunidades e dos governos locais até, como no caso das escolas militares do sudeste que abriram para aulas presenciais em plena pandemia. É necessário que os secundaristas se mobilizem contra o avanço do fascismo no espaço escolar. A mobilização se demonstra ser a saída mais direta para os estudantes afetados.