Maio foi marcado por dois grandes dias de protesto contra o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, primeiro no dia 15, depois no dia 30. A tentativa de resposta do bolsonarismo no dia 26 daquele mês foi pífia. No mês seguinte, no dia 14 de junho, a greve geral voltou a colocar as massas na rua para se oporem ao governo golpista da direita. Essa sequência de acontecimentos impôs a percepção de que o governo é extremamente impopular e de que há uma forte tendência no meio dos trabalhadores à mobilização contra o governo e à luta contra os direitistas.
Essa tendência tem sido refreada pelo receio de setores da esquerda em chamar a mobilização em torno do fim do governo Bolsonaro. Apesar de o Fora Bolsonaro ter sido a principal palavra de ordem das massas em todos esses protestos gigantescos contra o governo, lideranças da esquerda continuaram recusando-se a entoá-la em coro com os trabalhadores. Essa semana, porém, a situação começou a mudar. Depois das declarações absurdas de Bolsonaro sobre Fernando Santa Cruz, vítima da ditadura militar e pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, amplos setores começaram a falar abertamente em um impeachment de Bolsonaro.
Embora o impeachment seja uma solução institucional e limitada, trata-se de uma evolução em direção ao fim do governo Bolsonaro, uma derrota do regime golpista. De um lado, já é uma política oposta a esperar o mandato acabar só em 2022. Por outro lado, da parte das massas, o pedido de impeachment em grande medida significa também Fora Bolsonaro. Em relação a isso, o problema consiste agora apenas em esclarecer a limitação de uma saída para a crise por dentro de instituições controladas pela direita golpista.
De qualquer modo, a exigência de que a luta seja pelo fim do governo, e não contra medidas parciais, começa a crescer no interior do movimento de esquerda. Esse é um dado fundamental para levar os trabalhadores a conseguirem derrotar o governo e a direita golpista. É o momento de levantar palavra de ordem Fora Bolsonaro! E esse e o momento mais propício para isso, diante da adesão de novos setores e do fato de que a impopularidade do governo está se tornando impossível de esconder a cada dia que passa.