Quarta-feira (4), a direita golpista protagonizou mais um espetáculo grotesco na Câmara dos Deputados, digno de uma casa que votou o impeachment “por Deus, pela família”. A deputado do PSL Joice Hasselmann, até outro dia aliada do presidente golpista Jair Bolsonaro, foi ao Congresso participar da CPI das “fake news”. Antes de entrar nas denúncias feitas pela ex-aliada de Bolsonaro, devemos ressaltar que nenhuma CPI resolverá os problemas da luta contra a direita golpista, e qualquer medida institucional para supostamente proteger o público de “notícias falsas” acabará levando a alguma forma de censura controlada pela direita.
Feita essa ressalva, é pertinente examinar as denúncias feitas por uma ex-aliada do governo, que dão uma ideia do funcionamento do aparato de propaganda da extrema-direita. Segundo Joice Hasselmann, o bolsonarismo dispõe de um esquema que ela apelidou de “gabinete do ódio”, destinado a desferir ataques virtuais em massa contra desafetos do governo, utilizando robôs para disparar determinados conteúdos em redes sociais. Segundo Hasselmann, isso estaria sendo feito com dinheiro público, e já teriam sido gastos cerca de R$ 500 mil. Cada disparo custa cerca de R$ 20 mil.
Antes de entrar no governo, o bolsonarismo já realizava ataques em massa desse gênero, o que indica um amplo apoio de capitalistas à campanha presidencial da extrema-direita, ao contrário do que dizia a propaganda dos bolsonaristas. Esse dado também demonstra o deslocamento à direita de determinados setores da burguesia.
Mas nem só de dinheiro depende o sistema criado pela família Bolsonaro para espalhar notícias enviesadas e assassinar reputações. Agora Bolsonaro está no governo, e é aí que surge a denúncia mais preocupante da ex-líder do governo na Câmara no depoimento de quarta-feira à CPI. Segundo Joice Hasselmann, o bolsonarismo teria montado uma “ABIN [Agência Brasileira de Inteligência] paralela”. Ou seja, os bolsonaristas teriam montado um sistema de informações oculto dentro do Estado para usar em defesa de seus interesses, um aparato secreto de espionagem.
Naturalmente, quem poderia montar um aparato desses são os próprios policiais e militares ligados aos aparatos oficiais de informação, mas nesse caso atuando nas sombras para levar adiante uma política de perseguição a serviço da extrema-direita. Trata-se de uma denúncia muito grave, que mostra o grau de arbitrariedade e intromissão com que esse governo está agindo para realizar perseguições políticas, seja contra dissidências internas, seja, principalmente, contra partidos de esquerda e organizações operárias e populares.
Esse é um elemento importante para entender o perigo que o governo Bolsonaro representa contra toda a população. É preciso impedir imediatamente a continuidade de uma política dessas. Por isso é tempo de ir às ruas contra o governo, levantado a palavra de ordem: Fora Bolsonaro!