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Um desfecho esperado

CPI da Covid: burguesia evita derrubar Bolsonaro

A CPI da Covid-19 é uma peça de campanha eleitoral da direita contra Bolsonaro, mas nem nisso estão obtendo êxito

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada em 27 de abril no Senado Federal, para avaliar a ação do governo durante a pandemia (CPI da Covid-19) encontra-se num completo impasse. A luta política no interior do bloco da burguesia golpista, envolvendo as principais instituições da República, como o Executivo, o Legislativo, o STF e as Forças Armadas, bloqueou mesmo o objetivo inicial da direita tradicional, que procurava, ao desgastar Bolsonaro, lucrar politicamente. Isso porque o governo da extrema-direita, de Jair Bolsonaro, reagiu às manobras da direita apelando para a mobilização de sua base social, bem como das Forças Armadas, ameaçou a direita e todo o País com um golpe de força, bem como se alinhou com o imperialismo norte-americano.

Assim, o ímpeto inicial da direita em desgastar demasiadamente Bolsonaro foi relativamente contido, e a CPI tem se tornado algo insosso, no que diz respeito ao ataque ao governo. A CPI se relaciona diretamente com as eleições de 2022, foi uma forma que todo um setor importante e podemos dizer principal da burguesia brasileira encontrou para levantar um candidato de direita, ao mesmo tempo, debilitar Bolsonaro, os tiros até o momento, no entanto, têm saído pela culatra.

A CPI ouviu dois ex-ministros da Saúde de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, aliás cotado como possível candidato da direita à presidência, e Nelson Teich. Os depoimentos, contudo, não tiveram o impacto esperado, Mandetta, que esperava-se que revelasse um crime contundente, apenas informou que Bolsonaro não seguiu os protocolos científicos e que seguia um aconselhamento paralelo, composto por seus filhos e outros e outras coisas sem grande interesse, como o distanciamento da equipe econômica que não traçou plano econômico. Talvez o mais impactante do depoimento seja o de ter dito que o governo sugeriu mudar a bula da cloroquina, indicando como tratamento para COVID-19, o que ele como ministro “científico” não fez.

Teich, além de procurar se eximir de qualquer responsabilidade pela catástrofe da pandemia, informou que avisou o presidente sobre o colapso do sistema de saúde, e insistiu na obsessão de Bolsonaro pela cloroquina como um dos fatores para ter deixado o cargo, além da falta de autonomia, sugerindo que o governo intervinha constantemente na pasta da saúde.

O ministro Eduardo Pazuello, general do Exército e ministro da saúde, por maior tempo durante a pandemia, que poderia comprometer a si mesmo ou o governo com crimes mais impactantes, evitou prestar depoimento. Convocado como testemunha, o general e ex-ministro afirmou estar em quarentena devido ao contato com pessoas infectadas pela Covid-19. Seu depoimento foi adiado, de 5 para 19 de maio, nesse meio tempo a suspeita não o impediu de se encontrar com Bolsonaro no Palácio do Alvorada no dia 9 de maio para um café da manhã com um grupo de pessoas.

A própria Comissão informou que recebeu informações que o ex-ministro pretende não comparecer à CPI e para isso pode entrar com um pedido de Habeas Corpus no STF para não prestar depoimento como testemunha, uma vez que é réu em outro processo por omissão. Como testemunha, Pazuello não pode ter por obrigação legal responder às indagações, como réu pode se reservar o direito de permanecer em silêncio sem que isso lhe acarrete penalidades jurídicas. A própria CPI demonstra ter o cuidado de não envolver demasiadamente as Forças Armadas na crise.

Como se vê, a CPI até o momento foi a lugar nenhum, apenas reiterou coisas já sabidas por todos, crimes, aliás que Bolsonaro continua cometendo, como prescrever cloroquina como tratamento, coisa que ele faz publicamente.

Isso porque Bolsonaro elevou a crise e colocou a direita em uma posição incômoda, chamou sua base a atacar as instituições que expressam mais acabadamente os interesses da direita tradicional, o STF e o Congresso, além disso, ameaçou os próprios representantes dessa direita, os Governadores, fazendo demagogia com o isolamento social, culpando-os pela fome e desemprego e se colocando como aquele que defende o interesse material dos trabalhadores. Chamou atos de rua em que se pedia intervenção militar com Bolsonaro, afirmou na imprensa que poderia editar um decreto contra o lockdown e fazer o exército cumpri-lo, e que nenhum ministro ou tribunal iria contestar.

De outro lado, se colocou como um capacho do imperialismo norte-americano, atacou a China veladamente para corroer os acordos da direita, sobretudo do governador de São Paulo, João Doria, com as empresas que produzem vacina no País. Ao mesmo tempo anunciou a compra de 200 milhões de vacinas da norte-americana Pfizer.

Ante a resposta da direita, tende a transformar a CPI em mera formalidade, desprovida de conteúdo político e que termina na famosa pizza. A direita não se vê em condições de governar contra a extrema-direita e a esquerda, portanto reafirma sua aliança, embora com certas diferenças, com a extrema-direita contra a esquerda. A tendência é que a CPI sirva para a direita ganhar mais terreno no interior mesmo do governo da extrema-direita, ao chegar em um acordo excessivamente ideológico e contraproducente.

Ao contrário de tentar derrubar Bolsonaro, até o momento a CPI reafirma a aliança provável entre direita e extrema-direita contra a esquerda, notadamente contra o ex-presidente Lula nas próximas eleições, a direita procura, no entanto, além de tentar emplacar um candidato seu, garantir um maior espaço num futuro governo Bolsonaro, um novo acordo que somente pode se efetivar por meio da ameaça, para o que serve a CPI.

A esquerda assiste essa peça teatral como se fosse real e vibra a cada lance, como se aqueles que representam um determinado papel fossem efetivamente o personagem que representam, creem que a direita científica ao aprovar a CPI pode vir a apoiar a esquerda contra Bolsonaro, por que se apresentam como democratas. Um erro crasso, não se trata de democracia, mas da defesa dos interesses de classe, a direita considera Bolsonaro um governo dela, ainda que com contradições, e tenta corrigir, seja trocando por um candidato que consideram melhor seja melhorando, do seu ponto de vista, o governo. Um governo de esquerda apoiado nos trabalhadores, ainda que nos marcos do regime burguês, é tudo o que a burguesia não quer.

A esquerda tem que intervir na situação em defesa dos interesses dos trabalhadores, dos oprimidos e explorados, por meio da mobilização, e não assistir o desenrolar das disputas no interior do bloco golpista. Esse é o único meio de garantir que os interesses dos trabalhadores tenham existência.

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