No último domingo (30), ocorreu, na cidade do México, uma manifestação contra o atual presidente, Andrés Manuel López Obrador. Segundo a imprensa burguesa, os manifestantes estavam supostamente protestando contra a “corrupção” e a “violência”.
Em meio a uma série de golpes de Estado acontecendo em todo o mundo, López Obrador venceu as eleições para presidente da República no México em 2018. Admirado por setores da esquerda nacional, Obrador passou a ser considerado por muitos setores como uma grande liderança mundial na luta contra a direita.
Se a burguesia permitiu que Obrador fosse eleito, mesmo sem haver nenhuma grande mobilização no México contra a direita, é porque a vitória de Obrador não significou, de fato, uma vitória dos trabalhadores. Vencer uma eleição não é exatamente uma vitória: as eleições são controladas pela burguesa, que não que considerou que Obrador seria um obstáculo para a farra dos banqueiros.
Para agradar a burguesia, Obrador, ainda na época em que era apenas um candidato, prometeu enfrentar a corrupção, atendendo uma pauta tradicionalmente levada pela direita internacional quando pretende derrubar algum governo. Passado um ano de sua eleição, Obrador, mesmo propondo um governo muito moderado do ponto de vista dos anseios da população mexicana, se depara com um protesto contra seu governo – o que será, de fato, que isso significa?
Ao que tudo indica, os protestos contra Obrador são mais um exemplo de “coxinhato” – isto é, um ato organizado pelo imperialismo para criar um clima positivo para os seus interesses. No Brasil, tais atos, articulados pela Rede Globo e pela FIESP, levaram ao golpe de Estado de 2016 e a prisão do ex-presidente Lula. Em todos os casos, a “Luta contra a corrupção” sempre serviu para que a direita tivesse uma justificativa para sair às ruas.
Durante o protesto do último dia 30, uma manifestante chegou a dizer: “não queremos um comunismo aqui no México”. Não por coincidência, a extrema-direita brasileira acusa todos os seus adversários de serem “comunistas”. Outros cartazes, por outro lado, diziam “Fora AMLO”, fazendo referência à sigla formada pelas iniciais do presdente mexicano.
Embora ainda não estejam muito claros os motivos que levaram a burguesia mexicana a impulsionar o protesto contra Obrador, é necessário denunciar toda e qualquer ofensiva golpista. Seja para derrubar Obrador, seja para pressioná-lo a adotar uma política de total submissão aos interesses do imperialismo, os atos do último dia 30 devem ser combatidos pela esquerda e pelos setores democráticos mexicanos.