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Covid no norte do Brasil: o que a imprensa não quer dizer

A situação vivida pelo Amazonas se espalha pelos estados da região norte. O crescimento de casos de coronavírus ameaça a repetição do mesmo filme, agora com outros atores.

A crise sanitária atingiu em grandes proporções a região norte do Brasil. Depois da situação de desespero vivida no Amazonas no mês de janeiro, a chamada de segunda onda de COVID desnudou o despreparo e abandono do governo para o enfrentamento da pandemia.

A ausência dos insumos básicos para a assistência médica e de leitos hospitalares propiciou um espetáculo de horrores na capital Amazonense, com pessoas morrendo em casa e na porta de hospitais sem atendimento pela superlotação da unidades de saúde.

Dos que conseguiram vagas nos hospitais, muitos tiveram suas vidas ceifadas pela ausência do item fundamental para tratamento de doentes internados: o oxigênio. A falta de planejamento das esferas federais estaduais e municipais, foi o causador de uma corrida pela vida por parte dos familiares dos doentes que chegaram a pagar 5000 reais em um cilindro de oxigênio no mercado paralelo de exploração comercial da doença.

A crise no Amazonas não acabou. Os casos seguem aumentando, as mortes também e o caos que teve seu ápice em janeiro em Manaus, ameaça os demais estados da região norte.

As notícias se repetem com denúncias de falta de leitos, medicamentos e agora acrescidas da ilusão das prometidas vacinas que chegam à lentos passos para uma ínfima parcela da população.

A falta de atendimento médico e o índice de contaminação é altíssimo em toda a região. Uma nova variante de Coronavírus, mais contagiosa, mais grave nos sintomas e de maior alcance nas faixas etárias mais jovens é tida como a responsável pela segunda onda de COVID no norte do país. Os governos por sua vez , usam esta alegação para tentar encobrir aquilo que é evidente para todos: a crise sanitária é consequência da falta de investimentos públicos para enfrentar o inevitável, já que  se colocou a economia do país acima das vidas da população.

Tenta-se a todo custo atribuir ao povo a responsabilidade pela segunda onda, as aglomerações, as festas de fim de ano, enquanto o maior responsável pela circulação do vírus é a necessidade de sobrevivência da maior parte dos trabalhadores brasileiros que não podem simplesmente ficarem em casa em home office. A maioria da população  foi abandonada pelas autoridades com o fim do miserável auxílio emergencial e também pela devastadora ausência de postos de trabalhos.

A situação vivida pelo Amazonas se espalha pelos estados da região . O crescimento de casos de coronavírus ameaça a repetição do mesmo filme, agora com outros atores.

Enquanto a taxa de mortalidade por COVID no Brasil é de 120,97 mortes a cada 100 mil habitantes, a região norte apresenta o maior índice em relação às demais unidades da federação com 146,45  óbitos por 100 mil habitantes, segundo dados do Ministério da Saúde.

Os mapas mostram as variações de média móvel de casos confirmados e de óbitos em todo o país e o incremento de casos acumulados nas últimas semanas na região. O primeiro retrata a situação em 12 de fevereiro, e o segundo em 15 dias após.

 

Variação de média móvel no dia 12/01/21

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas

 

Variação de média móvel em 26/02/21

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas

 

O gráfico abaixo demonstra o crescimento de casos registrados na região norte nas últimas semanas.

 

Casos acumulados de COVID por semana epidemiológica

Fonte: Ministério da saúde

Traçaremos um panorama da região com dados obtidos a partir das informações oficiais do Ministério da saúde do dia 12/02/21 e 26/02/21 , das secretarias estaduais de saúde e das informações veiculadas na imprensa.

 

Amazonas

No mês de janeiro houve um incremento de 268% no número de óbitos quando tomados como referência janeiro de 2020, antes do início da pandemia.

O estado foi o epicentro da crise sanitária , chamando a  atenção a taxa de mortalidade  de 260,2 óbitos/100 mil habitantes , mais que o dobro que a média nacional.

Com uma letalidade de 3,4% das pessoas acometidas pela doença, é a terceira maior do país, estando atrás de RJ e RR, segundo e primeiro lugar respectivamente.

A taxa de ocupação das UTIs para COVID no momento ultrapassam 90,8% e dos leitos clínicos 61,74% . Por este motivo a capital Manaus encontra-se em faixa vermelha , com medidas de restrições de circulação de pessoas e comércio porém não suficientes para impedir o aumento da ocupação dos leitos hospitalares.

Embora o governo afirme ter aumentado a capacidade de leitos na rede estadual em 155%, dados divulgados indicam 336 pessoas aguardavam remoção para leitos de UTI na primeira quinzena de fevereiro, apesar das 777 existentes à pacientes com COVID.

Estes pacientes tiveram que ser removidos para leitos disponíveis em outros estados e no momento 79 pessoas aguardam UTI e outros 84 aguardam leitos clínicos segundo informações da Secretaria estadual de Saúde.

Embora a mortalidade seja maior nas faixas de idade superior a 60 anos, observa-se que a incidência maior de casos é na população mais jovem de 30 a 39 anos, justamente a população economicamente ativa.

Estudos indicam que o perfil típico do acometido por Coronavírus seja o cidadão de pobre, negro, trabalhador e usuário de transporte coletivo.

Tendo em vista que a crise sanitária ocorreu em um primeiro momento do estado do Amazonas, segue abaixo a evolução de casos e óbitos notificados desde o início da pandemia.

 

Variação de casos e óbitos por coronavírus no AM

Fonte: Secretaria de Saúde do Amazonas

 

Acre

O estado do Acre encontra-se em faixa vermelha de risco ao COVID. Medidas restritivas ao comércio com manutenção apenas de atividades consideradas essenciais entraram em vigor no início de fevereiro.

Os óbitos tiveram um incremento de 52,2% nos últimos 14 dias refletindo as contaminações ocorridas nos últimos 14 dias.  Acumulando 996 mortes notificadas por COVID-19.

A mortalidade é de 114,8 casos / 100 mil habitantes e a taxa de letalidade 1,7%.

Embora as notificações de novos casos tenham diminuído 6,7 % nos últimos 14 dias . O Sistema de saúde segue pressionado pelo aumento de internações. As taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 96,2% no estado e nos leitos clínicos 81.5%.

A faixa etária mais acometida pela doença é a faixa etária de 30 a 39 anos.

 

AMAPÁ

A variante do coronavírus que está presente na região norte é a justificativa para a não flexibilização das medidas restritivas no estado embora o estado esteja classificado como fase laranja.

Dados da secretaria de Saúde Estadual informam que as UTIs apresentam 63,84 % de ocupação, e os leitos clínicos 51.67 % . Assim como nos demais estados, a faixa etária com maior incidência de casos é a de 30  a 39 anos.

A variação de óbitos apresentou um aumento de 9,4% nas últimas semanas refletindo as contaminações das semanas anteriores. A média móvel de casos novos diminuiu 25 %.

O estado acumula 1131 mortes, 82.868  casos confirmados e 1,36% de letalidade.

 

PARÁ

Com 345700 casos confirmados, o estado do Pará, contabiliza 8591  óbitos com uma taxa de letalidade de 2,3%. O estado possui 907 leitos exclusivos para COVID, a taxa de ocupação nas UTIs é de 80%.

O aumento de óbitos nas duas últimas semanas foi de 72,6 %  embora tenha havido redução de novos casos em 5,1%.

Medidas restritivas encontram-se em vigor e o governo de forma preventiva  o bandeiramento vermelho (risco elevado).

RORAIMA

Roraima acumula 81281 casos confirmados e 1092 mortes  até o dia 25 de fevereiro.  A taxa de letalidade é de 1,2% e a população contaminada se concentra na faixa entre 30 e 39 anos

Com 537  leitos existentes, taxa de ocupação  é de 77% nos leitos clínico e 100%  nas UTIs

A situação no estado é preocupante, nos últimos 14 dias ocorreu um incremento em 128% na média móvel de óbitos e um aumento de 4,8%  no registro de casos.

O estado encontra-se em bandeiramento vermelho para COVID.

 

RONDÔNIA

Apesar das medidas restritivas O estado de Rondônia assim como os demais do norte, vê todas as taxas relativas ao corona vírus aumentarem, com 2832 óbitos acumulados , a taxa de letalidade está situada em 1,91%.

Na maioria dos municípios está com uma taxa de ocupação de leitos acima de 95,50%. Porém, Porto Velho, capital do estado, aparece entre os municípios que apresentam o maior índice, atingindo 97,10% . Todo o estado encontra-se sob faixa vermelha.

Nos últimos dias houve um incremento de 43,6% nos óbitos no estado e embora tenha havido diminuição da média de notificações. As medidas restritivas, mais uma vez mostram-se insuficientes para conter a contaminação no estado que tendo atingido a maior média móvel no início de fevereiro, reduziu em apenas 1,5% a média de contaminações diárias após as medidas restritivas.

 

TOCANTINS

A Secretaria de Estado da Saúde informou na sexta-feira, 26 de fevereiro, 788 novos casos confirmados para Covid-19.  Com um total 113.594 casos . No dia 28 os caso saltaram para 359.932 .

Os óbitos notificados são 1.526. e a taxa de letalidade é de letalidade 1,3% e a  faixa etária mais acometida é a de 30 a 39 anos.

Embora os óbitos tenham sido reduzidos em 12,5% , espera-se um incremento dos óbitos nos próximos dias , já que a média móvel de contaminações tenha aumentado em 49,8 % nos últimos 14 dias.

Dados da secretaria estadual de saúde informam uma ocupação de UTIs em 87%.

O estado do Tocantins é um dos que estavam com aulas presenciais nas escolas. Em virtude do rápido aumento de casos as aulas foram suspensas e restrição na quantidade de passageiros no transporte coletivo e redução de horários de funcionamento para serviços considerados não essenciais.

 

Comparação de dados

Para facilitar o entendimento da situação sanitária na Região Norte, elaboramos tabelas comparativas entre os estados, usando os dados do Ministério da Saúde acessados em 26 /02/2021.

 

 

 

 

 

 

 

AVALIAÇÃO E EXPECTATIVAS DA CRISE SANITÁRIA NA REGIÃO NORTE

 

Os dados comparativos aqui levantados foram retirados da base de dados oficiais do governo tendo como referência o dia 26 de fevereiro de 2021. É de conhecimento público que as informações estatísticas sobre a pandemia de coronavírus no Brasil não são confiáveis para uma avaliação da realidade da situação sanitária uma vez que é marcada pela subnotificação.

A falta de testagem massiva da população desde o início da pandemia resulta em uma subnotificação das contaminações em todos o país. Estudos apontam que a incidência de casos seja significativamente superior como por exemplo o produzido pela USP ainda no início da pandemia (https://ciis.fmrp.usp.br/covid19/analise-subnotificacao ).

 

Estimativa de subnotificação

Fonte: https://ciis.fmrp.usp.br/covid19/analise-subnotificacao/

 

Estudos como o da USP entre outros levam à conclusão que em decorrência da subnotificação , todos os demais índices como a taxa de letalidade ficam sob suspeita de não representarem a verdade.

O que se viu recentemente em no Amazonas, com pessoas morrendo em suas casas pela ausência de leitos hospitalares certamente reforçam a suspeita de que os dados registrados não representam a real extensão do caos que atinge a região.

As conclusões devem ser tiradas através dos fatos e do número presumido de mortes por Coronavírus no país. As denúncias de ausência de assistência médica ocorrem em todos os estados da região norte e justificam os altos índices de letalidade das pessoas contaminadas.

Até o momento 254. 221 mil mortos. Estes são os números absolutos no Brasil. Somente no estado do Amazonas, o número de mortes em janeiro de 2021, foi 268% superior que no mesmo mês no ano anterior, antes do início da Pandemia e a avaliação da evolução de casos, mostra que o incremento de óbitos em janeiro foi superior a 600% em relação a dezembro de 2020.

O que se viu no Amazonas e que se inicia nos demais estados da região norte traduz a total ausência de políticas públicas para a contenção da epidemia no país.

Os dados de ocupação hospitalar indicam a gravidade da situação. Os governos anunciam aos quatro cantos que houve criação de novos leitos na expectativa da evolução da pandemia, porém os números absolutos de novos leitos criados não são transparentes. Em muitos casos leitos clínicos comuns foram transformados em leitos para COVID o que significa na prática dar com uma mão e tirar com a outra.

O número de mortes no Brasil e na região norte é o resultado da farsa do combate a pandemia. Os pseudo-isolamentos sociais que tem por finalidade proteger e satisfazer setores restritos da população; as medidas restritivas direcionadas que servem para uma satisfação à sociedade dando  uma aparência de combate à epidemia e evitar que as mortes ocorram à céu aberto; as vacinas com baixa eficácia que visam enriquecer os laboratórios farmacêuticos e alimentar a disputa política pelo poder e que ao ritmo atual levarão 4 anos para atingir 70% da população, o mínimo necessário para acabar com a epidemia . A falta de tratamento adequado, a impossibilidade  de isolamento social verdadeiro pela falta de renda e trabalho para a população nos mostram o que esperar .

A medida do momento são os toques de recolher como se o vírus circulasse apenas à noite ou finais de semana estando imunes de contaminação os trabalhadores de todos os setores, nos metrôs e ônibus lotados. Esta afirmação é confirmada quando se analisa que o maior índice de contágio em todos os estados, está justamente na faixa etária de 30 a 39 anos, a idade média da população economicamente  ativa e não nos jovens que segundo os genocidas que fazem as ditas ” aglomerações”.  Na verdade tratam-se de medidas que visam controlar a população e justificar a repressão em caso de revolta popular ou até mesmo protesto popular.

Não é incompetência, é uma ação orquestra e racional da burguesia e do imperialismo contra a população brasileira. Não é combate à pandemia , é tentativa de administrar a velocidade em que as mortes ocorrem.

É a luta de classes que se evidencia no “DEIXE MORRER” em prol da manutenção dos lucros.

Não existe saída. É preciso derrubar o governo golpista, é preciso impedir a volta às aulas, exigir vacina universal, renda e emprego e constituição de um governo dos trabalhadores sob pena da dizimação de parte do povo brasileiro seja por coronavírus ou seja por fome.

FORA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS

ELEIÇÕES GERAIS COM LULA CANDIDATO

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