A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu nesta segunda-feira (08) uma comissão, que é, na verdade, uma espécie de tribunal racial para determinar, a partir da análise da cor da pele, do formato dos lábios, dos cabelos e outras características, quem pode ser beneficiário das cotas. A comissão chama esta análise de heteroidentificação. No total, 698 estudantes que se declararam negros no sistema de cotas terão que passar por análise.
O tribunal racial foi instaurado por causa de denúncias de supostas fraudes no sistema de ingresso por cotas da Universidade. Contudo, a verdade é que esta comissão existe unicamente para extinguir as cotas – como sempre pregou a extrema-direita fascista e seu representante Jair Bolsonaro – e reprimir os negros e expulsá-los da universidade.
Qual o critério de identificação racial para determinar quem pode ser considerado negro ou não? Uma única tonalidade da pele? Um determinado tipo de cor dos olhos, cor do cabelo e formato destes? Um tamanho padrão dos lábios? Se uma pessoa for considerada de pele preta “muito clara” por um dos examinadores do tribunal racial, a pessoa deixa de ser considerada negra? Se os examinadores julgarem que seu lábio “é muito grande ou pequeno”, como fica a situação da pessoa? E o cabelo, como considerar qual o cabelo que caracteriza o negro? É possível determinar com clareza uma padrão para estabelecer, realmente, quem é e quem não é e deve ser beneficiário do sistema de cotas?
A direita quer acabar com a política de cotas. Diversos ministros fascistas do governo Jair Bolsonaro afirmam que negros e pobres não devem estar na universidade, que deve ser um privilégio de quem pode pagar e que a universidade pública deve ser desmontada e extinta, até porque é espaço de “balbúrdia”. As tais denúncias de fraudes são um pretexto para criar uma espécie de Lava-Jato nas Universidades, de forma a perseguir, expulsar e impedir o acesso dos negros e pobres, em especial os ativistas.