Foi fechado no dia 04 de junho, um acordo entre a companhia aérea Gol e o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). Este acordo prevê a redução salarial e jornada de trabalho em até 50%. Além da redução salarial, o acordo também prevê a licença não remunerada e o famigerado PDV. A medida terá validade a partir do dia primeiro de julho e se estenderá pelos próximos 18 meses. Serão mais de 5 mil funcionários afetados pelo acordo, dentre eles: 926 comandantes, 964 copilotos e 3.262 comissários de bordo.
A adesão ao acordo não será totalmente voluntária. Alguns trabalhadores serão compulsoriamente levados a redução da jornada e do salário, sem qualquer tipo de contrapartida séria. A medida, diferente do que prega a empresa e o próprio sindicato, é um brutal ataque aos trabalhadores diante da crise econômica. Segundo o sindicato, a contrapartida da medida é a manutenção dos empregos. Todavia, a medida servirá para rebaixar ainda mais as condições de vida dos trabalhadores. Acreditar que haverá a manutenção dos empregos é mais uma arapuca armada pela burguesia.
Essa medida não é uma novidade. A crise econômica global, aprofundada pela crise pandêmica, afetou profundamente vários setores da economia. O setor de transportes, um dos mais afetados pela crise, aproveita-se das medidas fascistas tomadas pelo governo ilegítimo de Jair Bolsonaro para despejar a crise sob os trabalhadores. Este deveria ser mais um alerta aos sindicatos sobre qual a posição da burguesia em relação a crise. Nada de acordo nacional, ou de compartilhar as dores. Em momentos de derrocada do capitalismo, o ônus é todo do trabalhador. Conforme divulgado aqui no Diário Causa Operária, o setor hoteleiro também em negociação com o sindicato, tomou uma medida semelhante.
A mobilização da classe operária neste sentido é urgente. Já ficou bastante claro para qualquer observador que não seja míope, sobre quem recairá o custo da crise. Os capitalistas não abrirão mão dos seus lucros.
Este tipo de medida será levada a todos os setores da economia, caso não haja nenhuma reação a altura por parte dos trabalhadores e seus representantes. Outras companhias aéreas como a Azul e Latam já informaram que estão negociando acordo semelhantes. Acreditar que os acordos firmados serão respeitados, só demonstram o quão perdidos estão os setores institucionais dos trabalhadores.
Vários acordos foram firmados e deliberadamente rasgados pelos patrões quando o momento se mostrou propício. A única forma de combater estes ataques é mobilizar os trabalhadores para não aceitar nenhuma redução no salário. É preciso lutar por um programa que defenda a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais sem redução do salário. Esta opção é a mais óbvia, mas nunca é coloca na mesa de negociação.