A crise que o futebol brasileiro enfrenta em virtude da pandemia de COVID-19, evidentemente já vitimou os clubes pequenos para a manutenção dos elencos e receitas, como exemplo do Santo André-SP, que nesse momento não sabe como poderá levar adiante sua participação no Campeonato Paulista sabendo-se que quase todos os contratos encerram-se no fim de abril. No entanto, a conta já chegou até mesmo para os clubes grandes, é o caso dos 4 grandes clubes do Rio, de maneira que o Flamengo tem planos de reduzir o salário de seus jogadores em aproximadamente 25% e contabilizar o período entre 1º a 20 de abril como férias.
A esquerda pequeno burguesa pode enxergar isso como uma coisa aceitável, como se jogador de futebol não vendesse sua força de trabalho. No entanto, isso é justamente um precedente que pode se estender para outros clubes. Há alguns anos o Flamengo é elogiado pela imprensa como um exemplo de gestão equilibrada para todos os clubes seguirem. O que isso pode acarretar é justamente que dirigentes de times pequenos se espelhem nesse “exemplo” e muito em breve passem a explorar mais ainda seus jogadores. Atletas esses que não vivem a realidade cor de rosa de jogador de futebol consagrado com uma vida financeira estabilizada, muitos deles até têm uma segunda profissão para tirarem seus sustentos quando terminam os campeonatos estaduais.
O futebol é um recorte da sociedade brasileira que projeta as relações entre as classes. Esse ataque aos jogadores é um reflexo e ao mesmo tempo um exemplo dos avanços da burguesia contra os trabalhadores. É necessário que a burguesia, que por vezes se auto intitula como a provedora de recursos financeiros dos clubes, o que não se reflete na realidade, faça jus àquilo que ela proclama. Não é aceitável que os jogadores arquem com o prejuízo assim como não é aceitável que trabalhadores comuns arquem.