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Uma política desastrosa

Correios devem entrar em greve para impedir propagação do coronavírus

Para os sindicalistas, é preciso trabalhar e abandonar a luta para conter o vírus

Os trabalhadores dos Correios há muito tempo vêm enfrentando a política de privatização da empresa. Essa política tem se refletido em demissões, terceirização, arrocho salarial, destruição de benefícios como o plano de saúde e outros.

A mobilização da categoria é urgente para frear todos esses ataques e em particular a privatização, que sob o governo Bolsonaro, inimigo do povo, tem se intensificado. O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou abertamente que os Correios estão entre as empresas que serão entregues aos capitalistas, isso significa o maior ataque da história contra os trabalhadores dos Correios.

Os sindicalistas da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) e dos sindicatos ligados ao PCdoB, da federação fantasma, a Findect, estão desde o ano passado adiando uma greve nacional da categoria cuja principal reivindicação é a defesa do plano de saúde.

Semente nesse ano, a greve foi adiada por três vezes. A primeira data foi dia 30 de janeiro, diante de uma manobra do TST em benefício dos patrões, os sindicalistas decidiram adiar para o dia 2 de fevereiro. Novamente, após manobras da empresa e articulações com o setor mais patronal dos sindicalistas, a greve foi adiada para o dia 3 de março.

Quando, finalmente os trabalhadores pensavam que a greve aconteceria, novamente os sindicalistas pelegos, unificadamente, decidiram jogar a greve para o dia 18 de março, o que na verdade denunciamos como um golpe para não fazer uma greve de fato (leia matéria deste Diário Até quando adiar a greve dos Correios?), mas uma paralisação de mentirinha usando como pretexto a greve geral marcada para essa data.

Mas aí chegou o coronavírus… O comportamente da Fentect e dos demais sindicalistas foi publicar um informe suspendendo a greve e convocando os trabalhadores a trabalharem.

Para a Fentect, trabalhar dificulta o contágio, greve piora o contágio

A Fentect publicou em seu sítio na internet no dia 17 de março matéria anunciando o cancelamento da greve do dia 18. Afirma a nota que “A Federação dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos, em consonância com as determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e consciente do seu papel de reduzir a rede de contaminação do novo Coronavírus, decidiu pela suspensão da Greve geral marcada para o dia 18 de março.”

A determinação é que os sindicatos suspendam a greve e os atos de rua. A Fentect e os sindicalistas do PCdoB ligados à Findect estão seguindo a política da esquerda pequeno-burguesa de parar toda a mobilização em nome da “responsabilidade”.

Mas qual é a real implicação dessa política especificamente para os trabalhadores dos Correios? O que esses sindicalistas estão propondo é uma inversão completa do que realmente deveria ser feito.

Para eles, o trabalhador não fazer greve e ficar dentro do ambiente de trabalho fechado, manipulando objetos e cartas procedentes de vários locais diferentes seria mais seguro para evitar o contágio do que parar de trabalhar. A vontade de ser pelego é tão grande que até a lógica se inverte.

Quem trabalha nos Correios sabe que em boa parte dos setores, como os complexos operacionais, centenas de trabalhadores dividem um espaço fechado manipulando objetos. Normalmente são comuns para esses trabalhadores doenças respiratórias ou contagiosas. Já para a maior parte dos carteiros o maior risco é o contato com centenas de pessoas todos os dias durante a entrega. Para os atendentes vale o mesmo risco no relacionamento com os clientes.

Isso tudo sem contar que os trabalhadores passam por um contato direto entre si. A manipulação dos objetos e correspondências nem sempre são feitos de acordo com as mais adequadas normes de segurança. Em muitos setores inclusive, senão a maioria, faltam equipamentos de segurança. É comum também a constante exposição à poeira, o que gera problemas respiratórios.

Isso sem contar o transporte público lotado em ônibus, trens e metrôs que a categoria é obrigada a usar todos os dias.

No entanto, mesmo diante de todo esse risco pelo qual o trabalhador já tem que passar no dia a dia, os sindicalistas ignoram a pandemia de coronavírus e afirmam que o mais seguro é continuar trabalhando.

Com isso, desmarcaram mais uma greve. Mas além de expor o trabalhador ao risco de contaminação, a Fentect desarma mais uma vez a categoria em sua luta contra a privatização e os ataques do governo contra os trabalhadores.

Um festival de peleguismo que foi assinado por todas as correntes de esquerda que formam a Fentect: o PT, o Psol, o PSTU e grupos menores com a LPS ligada ao Sindicato dos Trabalhadores de Minas Gerais. Isso sem contar, como já dissemos, o PCdoB, que compõe a federação paralela, a Findect, que dirige os sindicatos de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Por fim, além de expor os trabalhadores aos riscos da contaminação do coronavírus nos setores de trabalho e desarmar a categoria de sua luta contra os patrões, também não apresenta uma reivindicação sequer para dar conta da crise. O informe apresentado pela Fentect aos sindicatos não apresenta nenhuma proposta para a categoria enfrentar, independente dos capitalistas, a crise. No máximo pede que a empresa forneça equipamentos de segurança.

É a entrega definitiva do sindicalismo dos Correios para os patrões. É preciso superar essa política das direções burocráticas e pelegas que nesse momento estão entregando os trabalhadores nas mãos do governo e dos capitalistas que já mostraram que não só não irão resolver o problema dos trabalhadores como farão com que peguem por toda a crise, inclusive com sua própria vida.

Ao contrário do que defende a Fentect, só a greve da categoria poderá deter o contágio do coronavírus.

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