Da redação – Na tarde da última quinta-feira (26), faleceu a maestrina Naomi Munakata regente do Coral Paulistano Mário de Andrade, tornando-se mais uma vítima do coronavírus no Brasil. A musicista tinha 64 anos. Um dia antes, havia vindo a óbito, também por causa do coronavírus, o maestro Martinho Lutero, criador da Rede Cultural Luther King (1970). Lutero, que tinha 66 anos, havia sido diretor artístico do Coral Paulistano entre 2013 e 2016.
No dia em que Naomi Mukanata faleceu, o estado de São Paulo, epicentro da epidemia de coronavírus no Brasil, já contabilizava 1.025 casos e 58 mortes. Notícias do mesmo dia, no entanto, informavam que pelo menos 19 outras pessoas haviam sido enterradas em São Paulo após morrerem com os sintomas da doença, mas não foram testadas, indicando que o número real de casos e mortes poderia ser muito maior.
A epidemia de coronavírus no Brasil está apenas começando. Segundo a agência Brasileira de Inteligência (Abin), nos próximos dez dias, pelo menos mais 5 mil mortes deverão ser registradas — hoje, o Brasil tem pouco mais de 130 óbitos oficialmente causados pelo coronavírus. No entanto, a morte de dois maestros em dois dias consecutivos dá uma dimensão do verdadeiro estrago que o coronavírus poderá causar no Brasil, em todos os aspectos.
Ao que se sabe, se nenhuma medida efetiva for tomada para conter o avanço da doença, morrerão centenas de milhares de pessoas. Essas mortes, junto com o isolamento social que está sendo providenciado para evitar o aumento da doença — a famosa quarentena — irá causar um enorme estrago na economia. Cálculos indicam que o Brasil deverá perder mais de meio trilhão de reais de seu Produto Interno Bruto (PIB) se o isolamento durar três meses. E poderá durar mais. Por fim, a matança que será gerada pelo coronavírus irá causar uma série de prejuízos para a vida social dos brasileiros, inclusive do ponto de vista cultural.
Museus e teatros de todo o mundo estão sendo forçosamente fechados por causa das quarentenas. Resta saber, diante da devastadora política neoliberal, se irão ser reabertos depois que a pandemia for superada. Além disso, o que jamais será recuperado, vários artistas deverão entrar nas estatísticas das mortes causadas pelo coronavírus, o que implicará em uma verdadeiramente sabotagem à já extremamente sabotada produção cultural brasileira.