A suspensão de quase todos os torneios de futebol do mundo em razão da pandemia de COVID-19 está prestes a colocar em xeque as atuais relações entre clubes, funcionários e jogadores. Essa foi a pauta da última reunião virtual que reuniu advogados da FIFA, representantes de ligas e sindicatos de jogadores.
Isso porque, mesmo que as ligas voltem, há muitas incertezas a partir de agora sobre a manutenção dos calendários e como manter os elencos. Em alguns casos observa-se coação e demissão em massa de jogadores, como é o caso do Sion da Suíça, que demitiu 9 jogadores depois de estes terem recusado cortes nos salários.
Nesse conflito a FIFA alega estar buscando resolver, quando na verdade sua recomendação é deixar que os atletas e dirigentes estabeleçam acordos entre si. Na prática se assemelha à postura de o empregado negociar com o patrão, onde a corda sempre arrebenta no mais fraco. Há ainda a sugestão de a FIFA usar suas reservas financeiras para ajudar jogadores que subitamente deixaram de receber seus salários, mas palavras o vento leva.
Por outro lado as negociações de jogadores, que às vezes levam meses para serem seladas, dessa vez têm sido resolvidas em poucos dias. Via de regra a contratação de jogadores se dá sob uma minuciosa negociação onde o jogador apresenta condições para jogar para um clube, sendo assim as exigências contratuais dos jogadores que fazem as negociações se estenderem. Consequentemente se conclui que os jogadores estão agindo até com certo desespero diante das demissões.
O futebol é mais um aspecto da vida onde as contradições da dominação de classes também se manifestam, não há uma separação entre a vida cotidiana e a bola, como boa parte da esquerda pequeno burguesa busca afirmar. Essas relações mais duras sobre jogadores é um exemplo de como a FIFA busca resolver a crise mas também encontra paralelo no modo como o capitalismo pretende resolver sua crise.