Os números oficiais de 81 mortes e 422 casos de covid-19 das favelas da cidade do Rio de Janeiro já ultrapassa o que seria o terceiro lugar no ranking das cidades do estado do Rio de Janeiro em casos de óbitos por covid-19. Dados oficiais porque segundo estudos paralelos, unidades de saúde da Rocinha e do Complexo da Maré, esse número podem ser três vezes maior.
Os números de mortes em algumas comunidades da cidade do Rio de Janeiro já ultrapassa o números de mortes de cidades da região metropolitana do Rio de Janeiro. Há oficialmente mais registro de mortes nas comunidades do que na cidade de Nova Iguaçu, município com mais de 820 mil moradores.
“A transmissão comunitária está absolutamente fora de controle. É uma transmissão verticalizada e descontrolada, que atinge sobretudo as camadas menos favorecidas da sociedade” afirma a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz integrante do grupo que está prestando consultoria ao governo do estado do Rio de Janeiro.
A pandemia do covid-19 no Brasil toma um carácter social, matando os pobres, negros e outros extratos sociais marginalizados. Nos quinze dias entre 11 e 26 de abril a quantidade de mortes de pessoas negras e pardas por covid-19 quintuplicou no Brasil, passando de 180 para mais de 930 óbitos.
Não apenas mortes, mas o número de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada por covid-19 entre brasileiros negros e pardos teve um aumento de 5,5 vezes, Enquanto que em pacientes brancos o número aumentou 3 vezes. Esse quadro demonstra claramente o carácter social que a pandemia assumiu no Brasil em decorrência da desigualdade social e das políticas do governamentais.
Escancarando a desigualdade social no Brasil, nas hospitalizações decorrente de covid-19 entre os pacientes negros e pardos há uma morte a cada 3 hospitalizações, um percentual de 32%, entre os pacientes brancos o número é uma mortes a cada 4,4 hospitalizações, que implica num percentual de 22%.
“Há pessoas mais vulneráveis, que precisam de sustento e não conseguem ficar em quarentena. As pessoas se aglomeram para buscar algum tipo de recurso” afirma Hermano Castro, diretor da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
A solução da quarentena como foi proposta no Brasil, só funciona para as classes mais altas que têm condições financeiras de mantê-la. Não há como as classes baixas, nos bairros operários, comunidades e favelas, manterem-se em quarentena como está sendo praticada no Brasil, sem um auxílio real do poder estatal essa população pobre está morrendo.