O início de 2020 começou com maus presságios para a crise capitalista mundial, acentuada pela expansão do coronavírus para diversos países da Europa, em particular a Itália e a Espanha e para a Coréia do Sul, além de casos confirmados em 38 países, entre eles o Brasil. Pela primeira vez o número de contágios em outros países foi superior ao da China.
Na realidade o coronavírus nada mais faz do que por a nu a profunda debilidade da economia mundial, que tem como fator determinante a crise de superprodução. Ou seja, o desenvolvimento das forças produtivas não encontram uma contrapartida no consumo o que faz com que o dinheiro pela via da especulação mundial se transforme em lucro fictício, sem uma contrapartida no crescimento real da economia mundial.
Com o coronavírus, a China que já vinha em um processo de desaceleração econômica, diminuiu mais ainda suas importações, principalmente de commodities, o que paralisa a sua produção industrial, mas, também, reflete na balança comercial dos países exportadores dessas commodities, como é o caso do Brasil. Não é à toa que empresas como a Vale, grande exportadora de minério de ferro, tenha sido uma das empresas que tenha tido a maior queda em suas ações na Bolsa de Valores. Com a ameaça cada vez mais real de que o coronavírus se transforme em uma pandemia, a retração da economia mundial já é dada como certa por diversos analistas de mercado. Caso emblemático nesse sentido é o efeito do coronavírus sobre o turismo na Europa.
Um outro dado que demonstra a magnitude da crise foi o desenvolvimento do índice de ações MSCI World, que trabalha com ações de cerca de 1.600 empresas de todo o mundo e que perdeu aproximandamente 3 trilhões de dólares entre a quinta-feira (20/02) e a terça-feira (25/02).
Pelas profundas debilidades econômicas acentuadas com o golpe de 2016 e agora com o governo fascista do Bolsonaro, o Brasil tem se configurado como um dos países mais frágeis no meio da ciranda especulativa das bolsas de valores por todo o mundo. A Bovespa fechou essa quarta-feira, com perdas de 7%, o maior índice desde o escândalo das gravações de diálogos entre o ex-presidente golpista, Michel Temer e o pecuarista e dono da Friboi, Joesley Batista, que por muito pouco não resultou na queda de Temer. Um outro dado medido das incertezas que rondam a economia brasileira foi a retomada da alta do dólar que atingiu nesse ano o valorização de 10,8% diante do real, com o dólar aproximando-se perigosamente da barreira dos R$5,00, mesmo com a intervenção do Banco Central com a venda de 500 milhões de dólares em contratos de swap cambial na quarta-feira de cinzas e nova previsão de venda para essa quinta, agora de 1 bilhão.
As crises políticas que varrem praticamente todos os países do mundo estão absolutamente atreladas ao aprofundamento da crise capitalista. No desespero pela sua sobrevivência, o imperialismo empurra cada vez mais os países atrasados para uma condição de caos. Ao que tudo indica o coronavírus veio dar uma pitada de tempero nessa refeição já por demais indigesta.