Depois de muitas trapalhadas, especulações, manobras e trapaças, os dirigentes da Conmebol definiram a cidade que irá sediar a final da Libertadores, o torneio de clubes de futebol mais importante das Américas. Várias cidades dentro e fora do continente sul-americano se candidataram para receber o evento final, que nesta temporada será decidido por dois clubes de um mesmo país, a Argentina (Boca Juniors e River Plate). Isso porque a arbitragem da Conmebol – é preciso que fique registrado – atuou de forma aberta e ostensiva para prejudicar os times brasileiros (Cruzeiro, Santos e Grêmio) que participaram das fases decisivas da competição.
De forma curiosa, mas não acidental, a decisão do torneio que leva o nome de “Libertadores” – justamente em homenagem à luta do povo sul-americano pela liberdade e contra o jugo dos colonizadores e saqueadores espanhóis – será disputada na capital do reino que oprimiu, explorou e massacrou, por mais de três séculos, os povos da América Latina. A decisão pela escolha de Madrid, capital da Espanha, foi tomada na quinta-feira, depois de uma reunião na sede da Conmebol na cidade de Luque, no Paraguai. A cidade de Doha, no Catar, vinha sendo cotada como a favorita, muito em função da montanha de dinheiro oferecida pelos árabes à entidade e aos dois times.
Pesou na decisão da Conmebol em levar a decisão para um país europeu o apoio da própria entidade, a concordância do presidente do Real Madrid, e obviamente, como não poderia deixar de ser, a FIFA, cujo presidente (Gianni Infantino) estava em Buenos Aires no domingo passado para acompanhar a realização da partida final. Diante dos acontecimentos que acabaram por motivar o cancelamento da partida final, Infantino se manifestou, na ocasião, fazendo ameaças contrárias à realização da Copa do Mundo de 2030 no continente sul-americano.
O fato é que River Plate e Boca Juniors decidirão o título de uma competição que tem a cara e a identidade do futebol sul-americano em gramados europeus, mais precisamente no estádio Santiago Bernabéu, que pertence ao milionário Real Madrid. Trata-se de uma grotesca e vil aberração. Mas não é só. A decisão dos cartolas envolvidos neste verdadeiro golpe contra o futebol sul-americano é uma afronta completa e absurda ao futebol do continente, aos torcedores argentinos em particular e também à luta dos povos latino-americanos pela afirmação da sua soberania, da cultura e da identidade dos países que participam do importante torneio continental.
Mais uma vez os cartolas representantes do futebol sul-americano se prostram e se submetem aos ditames e aos interesses do imperialismo europeu, negociando com os cartolas do velho continente uma das manifestações de maior apelo popular dos povos das Américas: O futebol.