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Balanço e retrospectiva do conune: os três primeiros dias

Uma breve introdução sobre o espírito em que o evento é realizado

O Conune de 2019 aconteceu em meio a um Brasil tomado pelo golpe. Bolsonaro se elegeu, a reforma da previdência recém aprovada no congresso (e nós sabemos que, na prática, isso significa que será aprovada em todas as instâncias a menos que haja uma radical mudança na política da esquerda), as universidades federais perderam o poder de decisão sobre a cobrança ou não de mensalidades, cabendo agora ao governo federal. Enfim, derrota atrás de derrota.

No entanto, os estudantes mostraram sua capacidade de mobilização mais cedo esse ano, os atos do dia 15 e dia 30 foram importantes alentos para a mobilização contra Bolsonaro, de certo modo, foram responsáveis por impulsionar a paralisação geral do dia 14 de junho. O estudantes protagonizaram o papel da fagulha que incendeia os trabalhadores.

Diante esse cenário catastrófico e a capacidade da juventude de se mobilizar e arrastar consigo outros setores, deveria-se juntar o útil ao agradável, a necessidade com a vontade de lutar. Não haveria melhor momento do que o Conune para organizar essa luta. A única coisa no caminho são as velhas direções. A ideologia demagoga e conciliadora dessas direções fizeram com que Lula se entregasse, Dilma aceitasse o impeachment, e fosse aprovada a reforma da previdência.

A União da Juventude Socialista (PCdoB) desempenha esse papel retrógrado e nocivo para o movimento estudantil. A juventude do PcdoB está na direção da UNE desde o 31° congresso – saindo apenas uma vez e logo retomando o controle -, o congresso da reconstrução (1979), sempre servindo como ponte de acordo com o centrão, segurando a luta estudantil e garantindo o apoio para figuras como Rodrigo Maia, reeleito presidente da Câmara dos Deputados com a ajuda do PCdoB.

E nesse espírito que foi organizado o 57° congresso dos estudantes, de confusão e demagogia perante a luta dos estudantes, à começar pelo locais onde ocorreram os eventos. A UnB, local de realização dos dois primeiros dias do evento, tem um dos maiores campus universitários do país, de modo que a realização de várias mesas de debates com temas adversos cada um em um canto da universidade é uma excelente maneira de dividir os estudantes em pequenos grupos. Essas tática permite a organização de maior porte controlar os eventos, uma eventual perda política em uma mesa ou atividade torna-se de pequena importância.

As atividades em si são espalhadas, e em horários não muito bem definidos, as mesas de debate estavam com local definido no cronograma, mas podiam acontecer a qualquer horário entre 14h e 18h.

Um conune democrático ?

 A política da UJS mostrou as caras logo na cerimônia de abertura, em nome da democracia a direção nacional dos estudantes deixou um espaço para a fala do direitista DCE da UnB, Honestino Guimarães, o próprio fato de escolher uma universidade com essa direção para realizar o conune deve ser questionado. Nesse mesmo sentido, figuras ontológicas da direita foram convidadas para participar de mesas, dentre elas Ciro Gomes, que não compareceu, mas se tivesse, teria presenciado o rechaçamento dos estudantes. Outro que não compareceu foi José Serra. Outra figuras como Ciro foram convidadas, e compareceram; Rinildo Calheiros, irmão do coronel de Alagoas, Renan Calheiros e Deputado Federal por Pernambuco pelo PCdoB, e Aldo Rebelo, ex-integrantes do PCdoB, atualmente no partido Solidariedade do Paulinho da Força.

Devemos mencionar também a presença do MBL no conune, o movimento elegeu delegados mas ficou na encolha, escondido durante todo o evento, sem bandeiras, sem camisas e sem material de agitação e propaganda.

A participação desses elementos é justificada com democracia pela organização, porém sabemos que trata-se aqui de conluios e conciliações. A UNE detém um enorme poder em mãos, e para os pequeno-burgueses que desejam fazer carreira política é um prato cheio. É injustificável, na atual conjuntura, convidar elementos que organizaram e permitiram o golpe, e permitir a presença da direita cujo único objetivo é acabar com a organização estudantil.

A pauta pela liberdade de Lula, pelo Fora Bolsonaro e por eleições gerais

 No terceiro dia do congresso, 12 de julho, a primeira atividade dos estudantes foi somar forças com a CUT e as pseudo centrais sindicais no ato contra a previdência que ocorreu na explanada dos ministérios na parte da manhã. Os estudantes representaram a maior parte da passeata. No carro de som, primeiro falaram os movimentos estudantis, depois as centrais sindicais e por fim os representantes partidários. As falas dos coletivos estudantis foram as mais diversas, tendo desde posturas extremamente sectárias e diretas ao ponto, até os tradicionais longos discursos que levantam algumas pautas populares, mas de maneira demagógica.

Na parte da tarde ocorreu a plenária Lula Livre, onde encaminhou-se que Lula Livre fosse uma das diretrizes da UNE para a próxima gestão e logo após, teve uma mesa com a presença de diversas lideranças partidárias, dentre elas Gleisi Hoffman (PT), Juliano Medeiros (Psol), Guilherme Boulos (MTST/Psol), Rinildo Calheiros, João Pedro Stédile (MST), um representante da UP (Unidade Popular/PCR), assim como o PCO.

Resumindo tanto a parte da manhã como da tarde: tudo que tangeu a questão da Liberdade de Lula foi feita de maneira cínica e demagógica. Aqueles que sempre defenderam a Lava Jato, como o Psol, e se opuseram a prisão do ex-presidente somente em palavras, pois nunca compareceram à atos em sua defesa ou tiraram materiais para ajudar na campanha pela sua liberdade, apresentaram-se como intransigíveis defensores de Lula e ferrenhos opositores da Lava Jato. A verdade é que diante um panorama explosivo e uma base que clama por ação e firmes posições políticas, seria um suicídio apresentar-se de maneira como vinham fazendo, com oposições sempre brandas meramente institucionais. A ação desses partidos de fato não mudará, o Psol “lutou” contra a reforma da previdência levando cartazes na votação ao invés de chamar sua militância à rua, e Stédile disse em sua fala que o movimento precisava radicalizar e por isso o Comitê Lula Livre estava trabalhando arduamente em um abaixo assinado e que os militantes deviam pichar os muros do país, uma ideia meio confusa de radicalização, é o mínimo que pode se dizer. O ápice da demagogia e do cinismo foi atingido na fala de Juliano Medeiros, quando disse que com fascista se dialoga com violência.

A luta pela liberdade do ex-presidente ficou, e se depender dessas direções, ficará, somente no âmbito das palavras, mas o que é ainda mais preocupante é o fato de pouco ter se falado em derrubar o governo Bolsonaro. Embora todos os movimentos presentes apresentassem discursos contra a política do governo, nada foi sequer esboçado, nem perto disso, no sentido de derrubar o atual governo. Não falar contra Bolsonaro é suicídio político, por isso todos de fato falaram, porém sem apresentar uma diretriz.

 

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