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CUT e os sindicatos devem agir

Contra as demissões em massa, ocupar as fábricas e empresas

É preciso tirar as organizações de luta dos explorados do atual estado de inércia, reabrir imediatamente todos os sindicatos e a CUT e realizar uma campanha nacional de luta

Dirigentes de três das maiores entidades que agregam sindicatos de metalúrgicos de todo o País, a CNM-CUT – Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Cayres;  a CNTM – Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da Força Sindical, Miguel Torres; e – recentemente criada – a IndustriALL Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, divulgaram nota na última terça (dia 12), diante do anúncio na véspera do fechamento de todas as fábricas da Ford no Brasil (a planta de SBC já havia sido fechada, em 2019), que sinalizam as tendências gerais de enorme retrocesso na economia nacional e violentos ataques à classe operária, em 2021, depois de um ano de gigantescos sofrimentos em que – pela primeira vez na história do País – o número de trabalhadores desocupados ou subempregados superou o de empregados.

No título e em seus 12 parágrafos, a nota não traz nenhuma proposta efetiva de luta contra a decisão da empresa que – segundo os próprios sindicatos da categoria – significa a demissão de cerca de 50 mil trabalhadores em toda cadeia produtiva, uma vez que a medida atinge não apenas os empregados das três plantas desativadas, e acaba por se constituir – simplesmente – em uma “nota fúnebre”.

Expressa, inequivocamente, a paralisia não só da burocracia sindical, como de quase toda a esquerda nacional diante da ofensiva que a burguesia golpista e seus governos vem levando adiante contra o povo trabalhador brasileiro, de forma ainda mais intensiva desde o golpe de Estado de 2016. Nesse e em outros pronunciamentos à respeito do assunto, os sindicalistas se limitam a mostrar surpresa diante da medida patronal, salientando, por exemplo a “ausência de compromisso e respeito aos trabalhadores e à sociedade por parte da Ford”, que já em 2019, havia fechado a fábrica do ABC, anos depois de ter fechado a do Ipiranga – na capital paulista – sem que houvesse qualquer luta real contra a medida por parte dos sindicatos, que ao longo dos últimos anos, intensificaram seu papel de lobistas da Ford e das demais empresas junto aos governos, deixando de lado, a defesa dos interesses dos operários contra os dos patrões. Se acostumaram tanto na posição de defender supostos “interesses comuns” entre patrões e empregados, que deixaram de lado qualquer perspectiva de enfrentamento com os “sanguessugas” capitalistas que, depois de sugarem o sangue e o suor dos operários não tem o menor pudor (e nunca tiveram) de meter “um pé na bunda” dos trabalhadores que fizeram suas fortunas.

Esses mesmos senhores que endossam a politica criminosa das direções da esquerda de buscar uma aliança dos golpistas da direita no Congresso Nacional (onde a direita do PT, apoia os articuladores da derrubada da presidenta Dilma Rousseff e da prisão do ex-presidente e ex-metalúrgico, Luiz Inácio Lula da Silva) e até da extrema-direita bolsonarista (como no caso do apoio do candidato de Bolsonaro, no Senado Federal), agora, diante da medida, se limitam a frases e discursos contra o atual governo e sua política econômica, a mesma que os neo “aliados” da esquerda adotaram desde as primeiras horas do golpe de Estado imposto ao País.

Os sindicalistas agem como se fosse analistas, comentaristas sobre a luta de classes que se desenvolve no mundo real, onde os capitalistas estão dispostos a realizar ( e estão realizando) um genocídio e uma destruição sem igual na condição de vida dos trabalhadores para defender os seus interesses diante da crise. Assim, no documento, assinala que o ocorrido “confirma as piores previsões e avisos do movimento sindical sobre os rumos da economia nacional”.

Os sindicatos e a CUT, não foram criados para simplesmente “analisar” e “fazer previsões”. Tais “ações” só têm validade quando servem para armar os trabalhadores e suas organizações para enfrentar os planos dos capitalistas que são sempre, e ainda mais nos momentos de crise aguda, de subtrair tudo o que seja possível dos operários para satisfazer seus vorazes apetites.

Estamos diante de uma crise histórica do capitalismo, que evidencia o seu esgotamento enquanto sistema social, incapaz de manter até mesmo a vida e a exploração de seus escravos. Trata-se de um crise de superprodução, resultado do processo de acumulação da riqueza nas mãos de um número cada vez mais reduzido de bilionários às custas da miséria da imensa maioria da população, o que impede que a capacidade de produção desenvolvida no regime atual possa ser consumida. A maioria da população já não consegue ter acesso sequer à alimentação necessária, o que dirá automóveis e outros produtos.

Por isso mesmo, a situação da Ford se repete por todos os lados. Apenas nos últimos dias, temos o anúncio do fechamento de agências e milhares de demissões no Bradesco e Banco do Brasil, o fechamento da planta da Mercedes-Benz, em Iracemapólis; de outras indústrias como Yoki, Editora Abril etc. O próprio governo está empenhado em impor uma conjunto de privatizações que, só na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), pretende levar à demissão de 40 mil trabalhadores.

Para enfrentar essa ofensiva, que se manifesta em todos os terrenos é preciso passar das palavras à ação e deixar para trás a política de colaboração com os inimigos dos trabalhadores, os patrões e seus representantes políticos.

Os próprios operários já demonstraram na sua historia de luta, no Brasil e em todo o Mundo, como enfrentar as demissões e o pior dos flagelos contra a classe operária que é o desemprego. É preciso organizar a mobilização dos trabalhadores demitidos e empregados e ocupar as fábricas e locais de trabalho contra as demissões e o encerramento das atividades.

É preciso tirar as organizações de luta dos explorados do atual estado de inércia, reabrir imediatamente todos os sindicatos e a CUT. Não é possível sofrer e assistir a estes ataques sem nada fazer.

É preciso convocar assembleias em todos os sindicatos, plenárias unificadas das categorias, assembleias populares e tudo mais que for preciso  – com as devidas medidas de proteção social diante da pandemia – para colocar a poderosa força da classe operária organizada em movimento em uma campanha nacional de luta contra as demissões e as privatizações e pelas demais reivindicações do povo trabalhador diante da crise.

Diante das demissões não adianta apelar para inexistente boa vontade dos patrões e dos governos da direita, é preciso colocar nas ruas uma campanha pela imediata redução da jornada de trabalho para 35h semanais, para que todos trabalhem menos e todos possam trabalhar.

É preciso também lutar pela proibição das demissões, pela divisão das horas de trabalho necessárias entre os empregados, reduzindo a jornada, sem reduzir os salários, dentre outras medidas emergenciais.

Para impulsionar essa luta é preciso criar em todo o País Comitês de Luta contra o desemprego, reunindo trabalhadores demitidos e empregados.

Até mesmo o moderado ex-deputado federal José Genoino (PT-SP) elaborou um projeto defendendo  a nacionalização das fábricas da Ford, com sua transformação em propriedade do Estado, inclusive, diante dos mais de R$20 bilhões de subsídios recebidos pela empresa nos últimos anos. Segundo a imprensa de esquerda, essa proposta teria sido apresentada a parlamentares petistas e à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Trata-se de uma iniciativa importante que deve ser colocada em discussão em todas as organizações dos trabalhadores, como parte do processo de mobilização diante das demissões e da ofensiva dos patrões.

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