Os trabalhadores da LG Mobile, em Taubaté (SP), entraram em greve na manhã desta segunda (dia 12), após rejeitarem a proposta miserável da empresa sul-coreana, que anunciou o fim da sua divisão de celulares no último dia 5 de abril, o que deve levar à demissão entre 700 dos mil funcionários unidade do Vale do Paraíba.
A LG está encerrando suas atividades móbile no mundo todo e apresentou uma proposta de indenização que varia de R$ 8 mil a R$ 35,8 mil, conforme tempo de trabalho na empresa. Pela proposta, os trabalhadores demitidos também teriam plano médico apenas até janeiro de 2022 e receberiam a PLR a que já fazem jus.
De acordo com o Sindmetau(Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região), as reuniões com a empresa começaram no dia 30 de março, sem uma solução final, e no dia 09 de abril.
A empresa informou também que vai encerrar a produção de PCs na fábrica, que pretende transferir essa fabricação de notebooks para a unidade de Manaus(AM), aproveitando os incentivos fiscais do Estado, ou seja, benefícios pagos com os impostos dos trabalhadores para garantirem os lucros da empresa. A LG está acumulando uma dívida de R$4 bilhões de reais e adota a política comum a todos os monopólios capitalistas: diante da crise e da reduções dos seus ganhos, empurrar a conta para os trabalhadores.
No prédio de Taubaté, ficariam apenas algumas poucas centenas de trabalhadores da área de assistência técnica e do call center, segundo informou a empresa.
Dentre as vãs promessas da empresa os executivos da mesma disseram ao sindicato que pode realocar funcionários do interior de São Paulo para o Amazonas, sem especificar a quantidade; com o claro intuito de buscar conter a revolta justificada dos trabalhadores.
Fruto da crise do regime neoliberal no capitalismo, essas empresas provavelmente não realocarão quase ninguém para manter os empregos. Realocamento é sinônimo de iminência de desemprego. Além dessa crise global, no Brasil as grandes empresas continuam querendo mais benefícios empregando menos trabalhadores. Mesmo sonegando impostos e tendo todo apoio do governo golpista de Bolsonaro, as empresas saem do país devido à sua política de ganhos fáceis e à queda abrupta de consumo da população brasileira, a principal vítima da crise. A empresa tem sim apoio dos governos golpistas, que não exigem dela a permanência dos empregos dos trabalhadores, o compromisso com os impostos ao poder público, enfim, as grandes empresas querem mais benefícios à custa dos trabalhadores, que continuam trabalhando por salários baixos, péssimas condições de trabalho e extensa carga horária.
O sindicato informa que vem negociando com a empresa assuntos como indenização, plano médico, qualificação profissional e participação nos lucros, dentre outros assuntos de interesse da categoria. Mas o que está em jogo é muito mais do que isso.
A demissão, neste momento, em que a maioria da classe operária está desempregada e há um retrocesso geral na indústria e na economia nacional, significa lançar os trabalhadores na rua da amargura, condenando-os à fome e à miséria. A imensa maioria dos demitidos não terá nenhuma chance real de recolocação no mercado de trabalho, diante de uma situação em que o tempo médio do desemprego já é superior a um ano no Brasil.
A única maneira de impedir esse desfecho é a luta dos trabalhadores, por meio da ocupação da fábrica. Se os patrões querem encerrar as atividades e lançar milhares na miséria (seriam afetados familiares e muitos empregos indiretos) é preciso responder com a arma da mobilização unitária de todos os operários. Colocar a fábrica para produzir sob o controle dos trabalhadores; impedir a retirada das máquinas e forçar uma negociação de verdade (não conversa fiada sobre como ferrar a vida dos trabalhadores).
É preciso convocar a solidariedade ativa de todos os trabalhadores do setor metalúrgico e de todas as demais categorias, uma vez que o fechamento da empresa vai ampliar a situação de miséria de milhares de pessoas na região e a vitoria dos trabalhadores sinalizaria para um necessário caminho de enfrentamento.