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Não basta ''desmilitarizar"

Contra as chacinas, formar comitês de autodefesa nas favelas

A chacina de Jacarezinho mostrou a urgência de se defender a autodefesa dos trabalhadores, e seu direito ao armamento

A chacina ocorrida na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, ganhou repercussão mundial. Sendo a maior chacina da história da cidade, com 25 mortos pela ação policial, as 9 horas de puro horror sofridas pelos moradores da comunidade é mais um emblemático exemplo da necessidade de organizar os trabalhadores do campo e da cidade contra a repressão da ditadura golpista.

Um reflexo da repressão em todo Brasil

Os relatos da chacina se multiplicaram em menos de 24 horas após o ocorrido. Familiares de mortos fizeram ontem a identificação de corpos no IML, e denuncias como a da mulher de Rômulo Oliveira Lúcio, um dos assassinados pela Polícia Civil, narram um pouco do que foi a chacina para todos os moradores.

Segundo ela, em entrevista ao G1 “os policiais entraram na casa e ele [o marido] se rendeu. Ele [o policial] falou ‘perdeu’. Ele já tinha se perdido. Só se rendeu. (…) Eles pegaram ele vivo e ele foi executado a facadas”. Segundo outros moradores, utilizando sobretudo as redes sociais, declararam que não apenas mais mortes ocorreram do que as que foram computadas, mas que também a polícia invadiu sumariamente casas, confiscou celulares e deixou dezenas de corpos mortos pelo chão.

Todo este cenário de horror foi protagonizado justamente pelo setor da polícia considerada pela esquerda pequeno-burguesa, como “civilizado”. Não foi o exército, não foi a Polícia Militar, mas sim a Polícia Civil que realizou a maior chacina da história do Rio de Janeiro. A ação mostra na prática que o problema da repressão não se reduz meramente à “desmilitarização” da Polícia Militar, mas sim à extinção de todo o aparato de repressão contra a população.

Os 25 mortos pela operação policial que viria supostamente para promover o “combate ao tráfico de drogas”  é uma realidade não só do Jacarezinho, mas sim da repressão que toda a classe operária sofre no país. Mesmo no Rio de Janeiro, as chacinas já se tornaram tradicionais, sendo elas organizadas pela Polícia Civil, Polícia Militar, ou até mesmo o exército.

Além da chacina de Jacarezinho, que deixou 25 mortos, nas últimas décadas ao menos 6 grandes chacinas ocorreram nas comunidades do estado, tendo maior destaque a invasão ao Complexo do Alemão em 2007, que deixou 19 mortos, e a chacina em Senador Camará, em 2003, da qual resultou no assassinato de 15 pessoas.

No restante do país, os exemplos mais recentes desta política de brutal repressão contra a população são vistos em casos como de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, que em 2019  foi palco de um outro massacre, dessa vez organizado pela Polícia Militar, que resultou em 9 mortos e 12 feridos, após a repressão policial aos participantes de um baile funk.

Os exemplos podem ser citados às dezenas, sendo que todos eles revelam o caráter totalmente ditatorial e repressivo  do aparato policial. A polícia, seja ela civil ou militar, não serve para proteger os trabalhadores do crime, mas sim para tratar a própria classe operária como os verdadeiros criminosos.

Não é para proteger, e sim esmagar o povo

A polícia serve para esmagar o povo, e o povo tem o direito de se defender. É fundamental, frente ao aumento cada vez mais brutal da repressão do regime golpista contra os trabalhadores impulsionar a formação de comitês de autodefesa nas comunidades, para os trabalhadores, organizados coletivamente, se protegerem da ação fascista do estado brasileiro.

Nas favelas do Rio de Janeiro e de todo Brasil, é necessário que a esquerda saia em defesa da classe trabalhadora e impulsione a organização destes comitês de autodefesa, organizados e com membros eleitos pelas comunidades, organizando bairro a bairro para que os trabalhadores possam de fato se proteger da repressão policial.

Além disso, a chacina de Jacarezinho demonstra ser preciso lutar não só pelo fim da Polícia Militar, mas sim de todas as polícias. O aparato de repressão do Estado deve ser extinto, e a esquerda deve defender junto à classe trabalhadora sua substituição por milícias populares, organizadas por bairros e controladas pela classe operária. Essa é a única maneira pelo que os trabalhadores de fato garantirão sua segurança, pois serão os próprios moradores que a organizariam, impedindo assim que desconhecidos, como são os policiais, infiltrem-se e reprimam os trabalhadores em nome de interesses dos grandes capitalistas. Os membros da milícia popular defenderão um único interesse, o da comunidade, e não do estado capitalista.

Pela autodefesa e pelo direito ao armamento!

A autodefesa da classe operária, permite a exclusão da milícia daqueles elementos cujos interesses não reflitam os da comunidade, ao contrário do que a polícia. Por isso, junto a esta reivindicação, é dever da esquerda e das organizações populares reivindicar o direito da população ao armamento.

O Estado detêm hoje o monopólio total do armamento, ou seja, o monopólio do uso da força, do qual se utiliza de maneira arbitrária da esmagar toda população. A defesa assim do armamento da população é tanto uma defesa de um direito democrático como uma necessidade real para todos os trabalhadores.

Não se trata de meras mudanças na política pública, de “desmilitarização” da polícia, como se discute no interior da esquerda brasileira. Para acabar o genocídio contra os trabalhadores, apenas organizando a população, impulsionando sua autodefesa e extinguindo os aparatos de repressão.

A única forma de conquistar isso é mobilizando os trabalhadores. Os moradores do Jacarezinho demonstraram, realizando dois atos, que a apenas lutando nas ruas que suas vidas podem ser defendidas. Este exemplo precisa ser seguido, é necessário uma ampla mobilização popular em todo país contra a repressão do regime golpista e pelo fim de todas as policias.

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