Na sexta-feira (9), o governador João Doria (PSDB) anunciou o retorno às aulas presenciais na rede estadual de ensino de São Paulo para a próxima quarta-feira (14). A partir de segunda-feira (12), as escolas estarão abertas para orientação aos pais e mães de alunos.
O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, é um ferrenho defensor da retomada das atividades escolares em caráter presencial no contexto da pandemia do coronavírus. A doença está completamente fora de controle, sendo que o estado de São Paulo é o epicentro nacional e continental. Nas últimas semanas, houve recorde de infecções e mortes. De acordo com os dados oficiais, em 24 horas foram registrados 1389 óbitos. As taxas de ocupação de leitos de UTI estão acima dos 90%.
A retomada das aulas no período crítico da pandemia expõe a juventude paulista ao risco de infecção e morte. Sequer há vagas nas unidades de terapia intensiva e enfermarias para atender todos os jovens que serão infectados com a reabertura. Diariamente, milhões de estudantes vão se aglomerar nos transportes coletivos em direção às escolas. Além disso, as próprias escolas são, em si mesmas, fatores de aglomeração.
Os governos burgueses fizeram propaganda de investimentos para adequar a estrutura das escolas ao período da pandemia. Trata-se de uma farsa criminosa. Em tempos de normalidade, falta tudo nas escolas, desde materiais pedagógicos até de higiene. Via de regra, as escolas se parecem com campos de concentração. A rotina burocrática e repetitiva é maçante e transforma a permanência no espaço escolar num martírio.
A situação demonstra a situação crítica a qual a juventude é submetida. No Ensino à Distância (EaD), os governos burgueses não garantiram os equipamentos eletrônicos, celulares, tablets e notebooks necessários para as atividades online. Sequer o acesso à internet é garantido para os alunos, professores e comunidade escolar. O ônus foi transferido para as famílias e os próprios indivíduos, a partir do momento em que o Estado se desobrigou de garantir o acesso à educação. O dever de garantir o direito à educação de qualidade está na Constituição de 1988 e, inclusive, na Constituição do estado de São Paulo.
Vigora entre a juventude um sentimento de desalento. Não há escola, emprego e perspectivas de vida para os jovens, em particular os jovens negros e operários.
A juventude estudantil deve se juntar à mobilização grevista dos professores e funcionários. É preciso impedir que o governador fascista João Doria lance milhões de jovens para a infecção e morte. Para o político neoliberal, o estudante não passa de um número em uma planilha. Se algum jovem morrer, há de se justificar o sacrifício, pois os interesses dos capitalistas estão em jogo. Vale destacar que estes últimos são sagrados e muito mais valiosos, para os tucanos, do que a vida da juventude paulista.