A greve dos caminhoneiros, que teve início na última segunda-feira, dia 21, colocou o governo golpista em xeque. A greve atingiu o ponto mais alto na quinta e na sexta-feira. Filas enormes nos postos de gasolina, várias cidades, inclusive São Paulo, decretando estado de emergência. Várias cidades também ficaram sem combustível e com crise de abastecimento de alimentos. Os piquetes nas estradas foram aumentando em todo o País, até que, segundo o próprio governo, chegaram ao número de mais de 900.
A principal motivação da greve é o preço absurdo do diesel, que inviabiliza o trabalho dos caminhoneiros. Essa reivindicação está ligada à política de preços que os golpistas, a mando do imperialismo e das petrolíferas estrangeiras, estabeleceu. Muitos setores da esquerda ficaram confusos sobre o caráter e o conteúdo da greve, já que a categoria, realizou atos para derrubar Dilma Rousseff e há de fato muitos elementos direitistas entre os caminhoneiros, alguns inclusive pedindo intervenção militar. Essa confusão ideológica é resultado da origem social da categoria, composta em sua maioria por autônomos, ou seja, uma pequena-burguesia.
Um ato como este, no entanto, não pode ser analisado simplesmente pela sua aparência ideológica. A greve dos caminhoneiros tem um sentido muito claro: é um ataque contra a privatização da Petrobrás. A política de aumento de preços é uma exigência do programa neoliberal imposto pelo golpe.
A dúvida sobre o caráter da greve se desfez quando a direita, através da imprensa golpista, passou a atacar a greve. A greve colocou a política dos golpistas em xeque. O governo foi obrigado a negociar e prometer abaixar os preços, mas a maioria dos caminhoneiros, até o fechamento dessa edição, continuava paralisando as estradas. O governo então foi obrigado a colocar as Forças Armadas para intervir.
Ficou claro que toda a operação para colocar as tropas nas ruas partiu do general Sérgio Etchegoyen, Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Temer. Representante da linha duro do Exército, o general articulou o uso das forças militares contra os caminhoneiros.
Essa preocupação do governo e dos golpistas é bem clara. Eles temem que a greve se transforme em uma mobilização generalizada que derrube o governo e coloque o próprio regime golpista em crise. Outras categorias começaram a aderir à paralisação, como motoristas de Vans em São Paulo.
Os petroleiros paralisaram as atividades em Betim-MG e estaão em estado de greve nacionalmente, organizando atos contra a política de privatização da Petrobrás. Os caminhoneiros elevaram a temperatura política do País e o clima nas ruas é próximo ao de uma greve geral contra o governo. Além de terem paralisado a economia, os transportes nas maiores cidades teve que ser reduzido, ou seja, já há uma tendência a uma greve geral que precisa ser estimulada e organizada.
Nesse sentido, a CUT e seus sindicatos devem imediatamente se colocar à frente da mobilização que está se criando de maneira generalizada. A CUT é a única capaz de organizar de maneira geral uma paralisação de todas as categorias do País. A tendência já existe.
Outro fator que mostra essa tendência foi justamente a greve dos metalúrgicos da Mercedes Benz no ABC Paulista que durou 10 dias. A greve conseguiu evitar uma ataque que a montadora preparava contra a categoria e há muito tempo não se via uma greve desse tamanho na base metalúrgica mais importante do País.
A CUT precisa liderar, organizar e orientar esse movimento, colocar a necessidade de derrubar o golpe e todas as medidas golpistas, exigir a libertação imediata de Lula e de todos os presos políticos.