Os protestos golpistas na Bolívia continuam após a vitória de Evo Morales no primeiro turno. A direita, cinicamente, questiona o resultado eleitoral e exige a realização de novas eleições. Um processo golpista está em marcha, como já foi denunciado neste jornal. Sabiam que perderiam as eleições e por isso iniciaram uma campanha, antes do final das eleições, para derrotar o candidato da esquerda.
A direita organizou uma paralisação na cidade de La Paz para questionar o resultado das eleições através de protestos violentos. A imprensa golpista, obviamente, está dando todo apoio à ofensiva golpista da direita boliviana.
Morales ganhou do candidato da direita, Carlos Mesa, no primeiro turno, pois conseguiu 47% contra 36%, isto é, uma margem maior de 10%. Na Bolívia, quando se obtém pelo menos 40% dos votos e 10% de diferença com o segundo colocado, ganha-se no primeiro turno.
A direita começou uma intensa campanha para atacar o governo de Morales como sendo uma “ditadura”. Trata-se de mais uma ofensiva do imperialismo contra o país, que apesar das políticas de conciliação realizadas por Evo, que, por exemplo, entregou o militante Cesare Battisti às mãos da ditadura imperialista italiana, continua sendo um empecilho para o desenvolvimento da política neoliberal na América do Sul.
A “greve” organizada pela direita está tendo pouco impacto, pois não tem apoio dos trabalhadores, que defendem o governo de Morales. Mas mesmo assim, a ofensiva contra o governo é intensa, assemelhando-se aos protestos violentos venezuelanos, as “guarimbas”.
Morales, de forma correta, reforçou sua base política indígena inaugurando obras em áreas rurais do país. Declarou: “Respeitamos e saudamos o voto urbano e estrangeiro, mas o voto na área rural garantiu o processo de mudança e, portanto, o desenvolvimento do povo boliviano. Muito obrigado pelo apoio, agora temos que continuar trabalhando pelo bem da sociedade”.
Agora, com a vitória de Evo, o atual presidente terá mais 5 anos de mandato, governando até 2025. Por isso, neste período, com o aumento da polarização e da desagregação política, a tendência é ter um aumento significativo das tentativas golpistas contra o presidente eleito. Se o governo reagir à altura, será possível barrar o golpe, mas para isso será necessário que Morales deixe de fazer concessões à direita.