Leonardo Rodrigues de Jesus, que tem o apelido de Leo Índio, sobrinho de Jair Bolsonaro, residente no Rio de Janeiro, fez 58 visitas ao Planalto nos primeiros 45 dias do governo ilegítimo familiar do tio e os três primos, até que conseguiu descolar um empregão como “assessor parlamentar” do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice líder do governo, por um salário mensal de R$ 22.943,73.
Agora, vem a público exatamente qual o trabalho que Jesus vem fazendo pelo seu salário: “caçar comunistas”. Índio tem viajado por conta própria para os estados comandados por governadores da oposição e preparado dossiês de “infiltrados e comunistas” nos órgãos federais. Leo possui carta branca para encontrar-se com o presidente e de maneira amadora, cruza dados e busca identificar a quem um servidor comissionado está ligado, e o denuncia ao tio e aos primos.
Nos três primeiros meses, Índio foi aos estados do Maranhão (administrado por governador do PCdoB), Bahia (governador do PT) e Minas Gerais (que esteve sob o comando do PT até a última eleição). Inspirado pelo bolsonarismo, Leo de Jesus se empenha na produção de dossiês contra servidores federais nos estados, para dar mais munição para a perseguição que a família defende contra qualquer ideia progressista.
Nas visitas, além de procurar “comunistas”, o assessor, que é íntimo do vereador do Rio de Janeiro Carluxo Bolsonaro (o “rottweiler” da família, responsável pelas declarações mais cheias de ódio, até contra aliados de Jair Bolsonaro e membros do governo), também faz reuniões com membros do PSL e já conseguiu garantir cargos a apoiadores.
O sobrinho de Bolsonaro, apesar da curta carreira política, já ganhou até influência própria. Depois de um encontro com ele, a deputada Maura Jorge (PSL), do Maranhão, passou a comandar a Superintendência da Funasa no Estado, órgão historicamente ligado à família Sarney. Pelas redes sociais, a deputada agradeceu “…o convite que o presidente Jair Bolsonaro me fez para compor seu governo…meus agradecimentos ao presidente da Funasa, Ronaldo Nogueira, Léo Índio, sobrinho do presidente Jair Bolsonaro…”.
Durante a ditadura militar no Brasil, simpatizantes do regime montaram o Comando de Caça aos Comunistas (CCC), uma organização paramilitar de extrema direita para perseguir inimigos. Fundado pelo policial civil e estudante de Direito Raul Nogueira de Lima, que virou torturador no DOPS conhecido como “Raul Careca”, o CCC foi liderado pelo advogado João Marcos Monteiro Flaquer e recebia treinamento do próprio Exército Brasileiro.
Pois a “caça às bruxas” parece que está de volta com o Índio de Jesus, que alia a mamata do nepotismo com uma política fascista do governo para perseguir a esquerda e aparelhar o Estado.