O governo Bolsonaro passou a defender agora um novo método de cálculo das mortes causadas pelo novo coronavírus. Segundo esse novo método, as novas mortes a serem divulgadas em um dia seriam apenas as que efetivamente ocorreram naquele dia. No método antigo, adotado por todos os outros países, divulga-se todas as novas mortes que foram notificadas naquele dia, sendo algumas delas anteriores ao dia em que foram descobertas.
A imprensa burguesa não tardou em denunciar que, com esse novo método, 44% das mortes ocorridas por Covid-19 ficariam de fora, de acordo com cálculo feito pelo Sistema de Vigilância da Síndrome Respiratória Aguda. O estudo, divulgado pela Folha de São Paulo, indica que 44% é a porcentagem das mortes cujo resultado do teste não sai no mesmo dia em que elas ocorreram.
Como reação a isso e a outras tentativas do Governo Federal de ocultar ou distorcer o número de mortos e infectados pelo coronavírus, os veículos de imprensa se juntaram e formaram um chamado “Consórcio de imprensa”. Esse grupo passaria a investigar os números junto às secretarias de saúde dos estados para chegar a números mais exatos com relação à pandemia.
O que se pode observar é que a diferença entre os números divulgados por ambos os órgãos é muito pequena. Enquanto o Ministério da Saúde afirma haver 802.828 casos de coronavírus no país, o Consórcio divulga 805.649 casos. Para as 40.919 mortes divulgadas pelo Governo, o Consórcio divulga 41.058.
Ao que tudo indica, o Consórcio da imprensa burguesa tem como objetivo principal gerar uma falsa dicotomia contra Bolsonaro. Todos que têm uma memória razoável sabem que todos esses veículos apoiaram a derrubada do PT em 2016 com muito mais afinco do que agora criticam o governo ilegítimo de extrema-direita. Da mesma forma, fizeram o que foi possível para manter Lula na cadeia e fraudar o processo eleitoral que levou à vitória de Bolsonaro em 2018.
Com relação ao coronavírus, a política da direita tradicional representada pela imprensa burguesa e seu Consórcio não se difere muito da política de Bolsonaro. Esses números divulgados tanto por um quanto pelo outro são todos muito abaixo do número real de casos e de mortes por Covid-19 no Brasil. Não há, da parte de nenhum dos dois setores, uma verdadeira campanha por um maior número de testes, por exemplo, que poderia levar a um esclarecimento maior sobre a pandemia no país.
Da mesma forma, ambos os setores apoiam o fim do isolamento social e reabertura da economia para aliviar a situação econômica da burguesia. A diferença é que Bolsonaro coloca isso de uma forma mais radical, enquanto a imprensa procura fazer demagogia.
Em suma, não se deve cair na manipulação feita pela imprensa burguesa. A verdadeira luta contra Bolsonaro e pela vida dos trabalhadores diante da pandemia se dá pelo movimento operário e popular. É saindo às ruas e organizando a população na luta pelo “Fora Bolsonaro e todos os golpistas” e por eleições gerais já que irá se desenhar a solução para o problema do genocídio causado pela extrema-direita e pela direita.