No último dia 12/04 foi formado o Conselho Popular de Saúde do Boqueirão, em Curitiba. Com o objetivo de mobilizar os trabalhadores para reivindicar do poder público o cumprimento imediato de todas as necessidades da população, sobretudo para enfrentar o coronavírus.
Isso porque os governos ilegítimos, do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) e do presidente do país, Bolsonaro (sem partido), sistematicamente descumprem direitos básicos da população. Em plena pandemia promoveram desemprego e miséria em massa e propagaram que a população deveria ficar em casa, sem água, sem luz, com ameaça de despejo e sem comida!
Neste momento, em pleno pico da pandemia, forçam a reabertura do comércio e da indústria, lançando os trabalhadores a se infectarem massivamente com o coronavírus. Tudo para salvar a economia, ainda que isso custe a vida de milhares de trabalhadores.
Confira, abaixo, trechos do boletim nº 1 do Conselho Popular de Saúde do Boqueirão:
“A iniciativa, de militantes do Partido da Causa Operária (PCO) e dos moradores, tem como objetivo organizar a população do bairro para enfrentar a pandemia do coronavírus. Serve para agrupar os moradores em torno de uma série de reivindicações que sintetizam as necessidades comuns e urgentes dos moradores neste momento.
O conselho foi formado após alguns domingos de atividade de panfletagem e cadastro de famílias de casa em casa no bairro e contou com a participação de 20 pessoas, sendo a maioria imigrantes haitianos. Entre as primeiras tarefas, foi definido obter as informações das famílias dos imigrantes e tomar conhecimento de todos os direitos que deveriam ter acesso e que estão sendo impedidos de acessarem, como o caso do Bolsa Família, Família Paraná e do auxílio emergencial de 600,00 do governo federal, em que a maior parte sequer conseguiu se cadastrar.
As reuniões do Conselho Popular ocorrem todos os domingos após a atividade do restaurante de campanha, por volta das 13h e é aberta a todos os moradores do bairro.
Notícias
No último domingo (3), o Conselho, realizou seu 1º almoço de campanha.
Neste primeiro almoço, o conselho serviu feijoada com farofa e laranja. Num primeiro momento, o restaurante de campanha servirá refeições como esta todos os domingos, servindo como um reforço alimentar para os moradores do bairro, muitos dos quais – como relatado no cadastro do Conselho – não sabem como se alimentarão na próxima semana.
A iniciativa é para denunciar a política dos governos, que abandonaram a população para morrer de fome durante a pandemia do coronavírus.
Restaurantes de campanha
No bairro há vários prédios públicos, como creches, escolas e unidades do CRAS, fechadas. Todos espaços que deveriam ser disponibilizados para a formação restaurantes de campanha, que não trariam nenhum grande custo ao poder público, pelo contrário, dariam utilidade a espaços públicos, que só se justificam na medida em que atendem a população, mas que em plena pandemia estão parados.
Reivindicações e pressão sobre o poder público. Entrega da carta à prefeitura
No último dia 22 de abril, o Conselho foi até a prefeitura de Curitiba entregar uma carta com as reivindicações mais urgentes dos moradores, mas no momento a prefeitura estava fechada e os servidores presentes se recusaram a receber a carta, chegando a dizer que era preciso entregar
1. Estabelecer sistema de testes em todos os moradores;
2. Aumento imediato das verbas para a saúde, aumento do número de instalações, equipamentos e profissionais;
3. Pague integralmente todos os
benefícios, auxílios, programas que são de direito dos moradores;
4. Distribuição gratuita de kits de higiene, limpeza e prevenção (máscaras, álcool gel e líquido 70%, sabonetes, escovas de dente e pastas, produtos de limpeza);
5. 4.Aumento do número de leitos nos hospitais públicos;
6. 5.Montagem urgente de hospitais de campanha nas escolas e terrenos ociosos;
7. 6.Aumento das vacinas disponíveis contra a gripe e abertura de mais postos de vacinação;
8. Pague para cada família uma cesta básica semanal, para evitar de todas as formas possíveis que qualquer pessoa passe fome em plena pandemia do coronavírus;
9. Intervenha junto à empresas estatais, como a Sanepar e a Copel, acusando as ilegalidades de suspensão de fornecimento de serviços de luz e água, que estão sendo praticadas – apesar das proibições das portarias de agências reguladoras – pressione institucionalmente para que em todas as unidades consumidoras, mesmo nos domicílios inadimplentes com as respectivas taxas, seja retomado o fornecimento dos serviços de água e luz;
10. Resolva todas as irregularidades relacionadas ao CPF dos moradores, bastando que a população apresente qualquer outro documento que a identifique (carteira de trabalho, rg. título de eleitor ou visto de permanência no caso dos imigrantes) como forma para acessar seus direitos;
11. Auxilie de forma direta com outros órgãos públicos, pedidos de naturalização imigrantes;
12. Inclua os moradores desempregados em trabalhos remunerados na prefeitura e em órgãos sob sua administração, para que as pessoas voltem a ter algum nível de renda além dos auxílios;
13. Proíba despejos, até que o inquilino possa arcar com o valor do aluguel com seu salário recebido.
14. Garanta o acesso à informação, disponibilizando internet para os moradores poderem se informar, inclusive sobre os programas e benefícios do poder público;
15. Transformar as Escolas Municipais em restaurante público, que oferte as 3 refeições básicas diariamente para todos os moradores de forma gratuita (principalmente para crianças e adolescentes);
16. Pagamento de um salário mínimo por pessoa independente da idade pelos próximos 6 meses;
17. Suspensão das contas de água e luz pelos próximos 6 meses;
18. Suspensão dos despejos pelos próximos 6 meses;
19. Proibição de cortes de luz e água até o dia 31/12/2020;
20. Proibição das demissões até o dia 31/12/2020;
21. Licença saúde paga para todos os afetados pela crise;
22. Estabelecimento de rede de wi-fi grátis;
23. Redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, formação de turnos com pessoal reduzido;
24. Redução da semana de trabalho para 35 horas (7×5);
25. Aumento dos valores do Bolsa Família e extensão do plano para fazer frente às necessidades de saúde e da crise econômica.
26. Transferência de pessoas que fazem parte dos grupos mais vulneráveis para quartos adequados de hotéis disponibilizados pelo poder público.
27. Instalação de pontos de água e luz em todas as casas do bairro;
28. Construção de 200 moradias com a mão de obra desempregada do bairro;
29. Pavimentação da rua Benigno Joaquim dos Santos com a mão de obra desempregada do bairro;
30. Não à policialização da situação, evitando o aumento do encarceramento;
31. Nenhuma suspensão de direitos políticos, de reunião, manifestação etc.;
32. Por um governos dos trabalhadores para os trabalhadores;
Um outro detalhe é que em pleno pico da pandemia, das mais de 100 pessoas cadastradas pelo Conselho Popular no bairro, apenas 5 conseguiram receber a primeira parcela da esmola de R$ 600,00 do governo, o que significa menos de 5% dos moradores cadastrados. Vale lembrar que o Conselho (que atua na região do Boqueirão e Alto Boqueirão) abrange mais de 110 mil moradores, sendo um bairro popular, operário”.