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PSTU/Conlutas em crise

Conlutas: uma organização em decomposição organizativa e política

O 4º Congresso da Conlutas mais uma vez expôs a confusão total no interior da esquerda pequeno-burguesa. Dividida e sem rumo, a "Central" caminha a passos largos para a falência

O 4º Congresso da CSP-Conlutas, iniciado na última quinta-feira, dia 3, chegou ao fim neste domingo (6), e a conclusão que se tira desses vários dias de discussões e análises entre dirigentes sindicais e políticos dominados pelo morenismo é uma só: a central sindical de brinquedo criada pelo PSTU, afundada até o pescoço na lama da sua política confusa e reacionária, encontra-se em estágio avançado de decomposição e falência.

É mais do que sabido que o PSTU, que domina a “central”, em pleno ano de 2019 — ou seja, passados três anos do golpe de Estado que derrubou o governo de Dilma Rousseff e, na sequência, colocou Lula, o principal dirigente do PT e político mais popular do país, na cadeia, permitindo assim a ascensão do governo fascista e fraudulento de Jair Bolsonaro — continua a sustentar a mesma política que, objetivamente, colocou o partido ao lado da direita golpista, numa espécie de frente única. Para o PSTU, não houve golpe de Estado, não houve a derrubada do governo PT por uma operação política dirigida pela direita pró-imperialista; Lula, para o PSTU, não é alvo de perseguição política, mas sim colhe os frutos da “conciliação com a burguesia” e do envolvimento com negociatas corruptas; o governo Bolsonaro, por sua vez, é um governo “eleito” pelo povo, segundo o PSTU, um governo que contou com os votos de grande parte dos trabalhadores, uma vez que “foi uma expressão distorcida da indignação [das massas] contra ‘tudo’, mas que acabou desembocando no voto na ultradireita.”

O Congresso, no entanto, não poderia deixar de refletir a pressão do movimento de luta contra o golpe, que desde então só cresce e cuja tendência é se desenvolver ainda mais, no seu interior. Na sua “casa”, o PSTU foi obrigado a discutir, ainda que de maneira tímida e defensiva, as principais reivindicações que o movimento de luta das massas levantam no momento atual: o “Fora Bolsonaro” e a “Liberdade para Lula”.

O PSTU interveio no Congresso por meio do denominado Bloco Classista, Operário e Popular. Magno de Carvalho, dirigente sindical do Bloco, defendeu em plenário que a central precisa sair na frente do “Fora Bolsonaro” para disputar os trabalhadores que rompem com o seu governo. Cyro Garcia, também do Bloco, respondeu apontando que era positivo a aproximação dos trabalhadores em relação ao “Fora Bolsonaro”, mas que “infelizmente a classe operária não fez a experiência com esse governo. É preciso ganhá-los para lutar contra esse governo.“ Pontuou ainda que a evolução política da situação poderá obrigar a central a adotar o “Fora Bolsonaro”, mas logo em seguida esclareceu: “esse momento não é a hora certa.” (Congresso da CSP-Conlutas: 2º dia traz internacionalismo e polêmicas sobre a situação nacional).

Alguns setores do PSOL, presentes no Congresso, como, por exemplo, o grupo Resistência, um racha recente do próprio PSTU, trouxeram também ao plenário a questão da liberdade do ex-presidente Lula, preso político da criminosa Operação Lava Jato. Nessa questão, coube a Hertz Dias, candidato a vice-presidente na chapa do PSTU nas eleições de 2018, manter a Conlutas na linha direitista em que ela se afundou e adaptar a política do PSTU em defesa do prisão de Lula às revelações da Vaza Jato, divulgadas pelo The Intercept: “O que os jornalistas do Intercept mostraram é que o Moro tem bandido de estimação. Ele se juntou com os 70% dos corruptos desse país sob o pretexto de combater os outros 30% dos corruptos. Existe uma crise muito profunda no Judiciário (…) É uma briga entre os de cima, do bloco da direita com o grupo da conciliação de classe. Mostrou que a Justiça desse país é seletiva, sim, é pobre, assim como a Operação Lava Jato. O Lula tem direito a um outro julgamento, a um julgamento regular. Mas isso não implica de maneira alguma em dizer que Lula seja inocente, que esse Congresso tenha que votar pela prisão ou pela liberdade de Lula. Tem que ter um julgamento regular, assim como os 40% da população carcerária desse país. A grande maioria de preto e favelado que não teve direito sequer a um julgamento.” O dirigente do PSTU termina sua fala reforçando os princípios carcerários que orientam o seu partido: “É muito importante que a gente entenda, e essa é uma defesa da classe trabalhadora histórica, que todo aquele que está sob suspeita tem que ser julgado, e se for condenado tem que fazer que nem eles fazem com a juventude da periferia: tem que ir pra cadeia, sim! E mais do que isso, tem que ter os seus bens confiscados!”

A completa desorientação e oportunismo desse agrupamento sindical postiço fica ainda mais evidente quando analisamos sua atuação nas lutas mais recentes do movimento sindical e operário.

Em São José dos Campos, o Sindicato dos Metalúrgicos, há décadas dirigidos pelo PSTU/Conlutas, que não organizou qualquer luta real contra a privatização da Embraer, também não organizou qualquer mobilização real contra a compra da empresa pela norte-americana Boeing. A única “iniciativa” tomada pelo sindicato foi assinar um documento com os sindicatos dos metalúrgicos de outras cidades, documento no qual, singelamente, “reafirmam seu posicionamento contrário à entrega da Embraer” e exigem que “O governo federal, seja o atual [Temer] ou o futuro [Bolsonaro], tem de agir em defesa da Nação.” Sem oferecer nenhuma luta, nenhuma resistência à entrega da empresa nacional ao monopólio capitalista estrangeiro, a direção sindical do PSTU apenas assistiu passivamente à conclusão do negócio, já no governo Bolsonaro.

No final de setembro deste ano, os trabalhadores da Embraer entraram em greve por aumento real de salário e renovação de todos os direitos da Convenção Coletiva. Tratava-se da primeira paralisação da fábrica nos últimos cinco anos, fruto da pressão das bases operárias, profundamente insatisfeitas com paralisia da direção do sindicato controlado pelo PSTU/Conlutas. Diante da greve, o comando da empresa convocou a Tropa de Choque, que prontamente atendeu ao chamado. Logo no segundo dia de greve, dia 25 de setembro, policiais mascarados realizaram um “corredor polonês” para garantir que os trabalhadores pelegos pudessem entrar na fábrica normalmente. Além disso, com a habitual truculência, reprimiram a Assembleia dos trabalhadores que estava sendo realizada no local. Ante tudo isso, qual foi a atitude do sindicato dos metalúrgicos? Simplesmente, suspender a greve e reafirmar a disponibilidade do sindicato em “manter o diálogo”, apesar da intransigência da empresa!

Criada com base numa política sindical ultraesquerdista, de caráter divisionista, a CSP-Conlutas chega a 2019 numa situação extremamente difícil, mostrando que o plano de construir uma central sindical alternativa à CUT não passou de um sonho vazio, de uma promessa vã. Negando o ABC do marxismo, o PSTU e seus grupos satélites enveredaram por uma política sindical que revela hoje seus resultados desastrosos: forjaram uma “central” de mentira, uma “central” que não tem condições de organizar os setores fundamentais da classe trabalhadora brasileira, uma “central” que serve apenas abrigo para minúsculos agrupamentos pequeno-burgueses e herda a incapacidade quase patológica de seu dono, o PSTU, para identificar as coordenadas políticas corretas do mapa da situação atual.

Insistindo na luta por reivindicações parciais, miúdas, e recusando as palavras de ordem unificadoras do “Fora Bolsonaro” e da “Liberdade para Lula”, o PSTU/Conlutas assume de maneira cada vez mais irreversível o papel de um instrumento de desorganização, confusão e atraso no seio do movimento operário e popular.

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