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Esquerda pequeno-burguesa

Conlutas: sem massas e sem programa, mas o MRT continua defendendo-a

O Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) criticou as resoluções do congresso da CSP/Conlutas. No entanto, se recusa a sair dessa central de brinquedo.

A agremiação Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) publicou em seu sítio eletrônico Esquerda Diário, no dia 14 de outubro, um artigo em que critica as resoluções do congresso nacional da CSP/Conlutas. O artigo, intitulado “PSTU na CSP-Conlutas: uma política golpista que faz o jogo de Trump e Bolsonaro na Venezuela”, é assinado por Maíra Machado, professora estadual e militante do MRT.

Segundo a autora, o “erro” do congresso da CSP/Conlutas estaria no fato de que o PSTU conseguiu aprovar uma resolução em defesa da intervenção imperialista na Venezuela:

a maior tragédia não está nas já esperadas declarações absurdas de Bolsonaro, mas em atestarmos que a resolução sobre a Venezuela aprovada no congresso da CSP-Conlutas, impulsionada pela ala majoritária, dirigida pelo PSTU, faz o jogo de Trump e Bolsonaro diante da crise venezuelana. Não apresenta nenhuma alternativa de independência de classe e, sob o pressuposto de combater Maduro, apoia a forma como agem os governos imperialistas, em primeiro lugar o de Trump.

Esse, no entanto, não foi o único “erro” do congresso da CSP/Conlutas. O congresso também aprovou uma resolução contrária à luta pela liberdade de Lula, resolução essa que também é um alinhamento à política do imperialismo para a América Latina e que é completamente ignorada no artigo do MRT. Em oposição ao congresso nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o congresso da CSP/Conlutas não apresentou qualquer perspectiva de luta para os trabalhadores, se mostrando como uma reunião de agrupamentos que estão totalmente desvinculados do movimento operário e popular. Mas por que, então, o MRT decidiu criticar somente a resolução em torno do golpe da Venezuela?

Uma “central” que não deveria existir

A CSP/Conlutas foi criada em 2003, no início do governo Lula, pela iniciativa ultra-oportunista do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e de grupos que estavam sob sua influência. Utilizando uma cobertura esquerdista, aparentemente ultra-revolucionária, esses grupos defendiam a criação de uma central sindical que concorresse com a “burocrática” e “corrompida” CUT, pois, segundo o PSTU, uma vez que o PT chegou à presidência da República, a CUT haveria se tornado pelega, patronal e “governista”.

O abandono das grandes centrais e dos grandes sindicatos, no entanto, jamais foi a orientação dada por Lênin e por Trótski – revolucionários que o PSTU diz seguir. A política correta para uma organização revolucionária é  conquistar as organizações de massa, e não lutar para dividir o movimento operário com a criação de centrais artificiais. Em mais de dez anos de criação da CSP/ Conlutas, ficou comprovado a falência dessa política: a CUT concentra mais de 4 mil sindicatos – enquanto a CSP/Conlutas, em um cálculo generoso, não reúne uma centena de organizações – e foi a principal organização a enfrentar a direita na luta contra o golpe. A CUT foi quem organizou as greves gerais dos últimos anos e quem esteve a frente das maiores mobilizações contra a direita golpista.

O naufrágio do PSTU

A criação da CSP/Conlutas não foi a única política errada que o PSTU adotou. Imersos no mais profundo sectarismo, os dirigentes do PSTU formularam uma política que levou o partido à falência. Em praticamente todos os conflitos significativos do mundo, o PSTU se posicionou em defesa dos interesses do imperialismo: defendeu o golpe no Brasil, o golpe na Venezuela, o golpe na Síria, o golpe na Ucrânia etc. Insistindo nessa política, o PSTU se viu cada vez mais esvaziado, uma vez que a política profundamente pró-imperialista levou a sucessivas crises e números rachas no partido.

A defesa intransigente dos interesses do imperialismo, ainda mais em um momento em que a revolta dos trabalhadores contra a direita no Brasil e em toda a América Latina está crescendo, levou o PSTU a um caminho aparentemente sem volta. A influência do partido é cada vez menor, seus dirigentes são frequentemente vaiados em assembleias e manifestações da esquerda e nem mesmo a “central” que criou, a CSP/Conlutas, está sob seu firme controle. Diante desse panorama, os grupos que orbitam o PSTU, que sempre viveram sob seu guarda-chuva, agora aproveitam a oportunidade para tentar competir com o partido pela direção da CSP/Conlutas.

MRT: fora PSTU, fica Conlutas

A preocupação do MRT com a posição da CSP/Conlutas em relação à Venezuela não deve ser levada a sério. Se de fato estivesse interessado em impedir que o país latino fosse trucidado pelo imperialismo norte-americano, o MRT deveria, em primeiro lugar, abandonar a CSP/Conlutas e procurar unificar os trabalhadores na única organização que pode cumprir esse papel: a Central Única dos Trabalhadores, criada por meio da luta do movimento operário contra a ditadura militar.

Mas não é isso que o MRT propõe. Na verdade, o artigo de Maíra Machado apresenta uma política muito semelhante à do próprio PSTU. Além de ignorar que o governo Bolsonaro é o resultado da fraude eleitoral que cassou os direitos do maior líder popular do país, o texto dispara uma série de ataques ao governo venezuelano:

Maduro seguiu pagando a dívida externa, favorecendo o capital internacional, e atuou para garantir os privilégios da alta burocracia governamental e dos grandes capitalistas do país. Uma outra marca dos governos de Hugo Chávez, intensificada por Maduro é o controle repressivo através das Forças Armadas, particularmente, da repressão ostensiva aos movimentos dos trabalhadores. Uma escalada de repressão, que aumentou no mesmo compasso em que escalava a crise econômica. Aliás, após o avanço imperialista, o governo de Maduro não tomou nenhuma medida anti-imperialista e seguiu se defendendo apoiado-se em medidas burocráticas e no fortalecimento das Forças Armadas, aumentando o grau de sofrimento imposto ao povo venezuelano com mais repressão, inclusive com o incremento do uso de grupos paramilitares.

Além de ter uma análise muito semelhante à do PSTU para o caso da Venezuela, o MRT também se encontra alinhado com o partido morenista em relação à manutenção do governo Bolsonaro. Assim como o PSTU, o MRT é incapaz de defender a palavra de ordem de “fora Bolsonaro” – o que o coloca, inevitavelmente, ao lado de Rodrigo Maia e da burguesia em geral, que defende a permanência de Bolsonaro no poder.

Diante de uma crítica tão confusa e inconsequente em relação ao congresso da CSP/Conlutas, a única conclusão que é possível ser tirada do artigo do MRT é que a agremiação está disposta a disputar a direção da central de brinquedo com o PSTU, mas que não apresenta nenhum interesse em desenvolver a luta real dos trabalhadores. Tais disputas mesquinhas por um cargo em uma central que nem existe nada tem a ver com os interesses da maioria da população, que está sendo massacrada diariamente por Bolsonaro, Witzel e os demais golpistas.

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