Em um artigo intitulado “1º de Maio de luta e os desafios do movimento social negro no cenário da Covid-19” a Central Sindical e Popular – CSP-Conlutas, do PSTU, pede para que as pessoas fiquem em casa diante desse verdadeiro genocídio da extrema direita contra os trabalhadores, negros e pobres no país devido à pandemia do coronavírus e à crise econômica.
Um trecho do artigo diz:
“Nesse primeiro de maio ficaremos em casa, mas seguiremos organizando a contraofensiva da classe trabalhadora nos setores que sofrem com a precarização e terceirização, cuja maioria dos trabalhadores é negra. É hora de intensificar as denúncias nas redes sociais, participar dos panelaços de oposição a todos os governos e os patrões”.
Apesar de reconhecer a precarização do trabalho da população negra no país, a CSP-Conlutas não leva em consideração as verdadeiras necessidades e a realidade do povo negro brasileiro, que são maioria na linha de frente nos trabalhos considerados “essenciais” pela burguesia. A necessidade de uso dos transportes públicos diários e lotados, a falta de moradia, a falta de hospitais, de saneamento básico, até mesmo de água e luz é o cotidiano da maior parte da população negra no Brasil.
Os dados referentes ao coronavírus e a população negra, não só no Brasil, vem mostrando que as taxas de letalidade e contaminação nas favelas e regiões periféricas, locais onde há maior concentração de negros e pobres, são muito superiores aos bairros ricos e de classe média de maioria branca. O baixo acesso a médicos e hospitais, equipamentos de proteção individual e segurança é outra triste realidade enfrentada por aqueles que não podem, por questões de sobrevivência, praticar o isolamento social ou quarentena.
O “fique em casa” não é uma escolha da maioria dos trabalhadores brasileiros. Devido ao descaso dos governos direitistas, muitos se veem obrigados a sair de casa para ganhar o pão de cada dia, pagar o aluguel, a prestação, as contas e etc. O que é uma política criminosa dos atuais governantes de abandono da população e que levará ao massacre do povo preto no país. É preciso, na verdade, organizar e mobilizar o povo negro para lutar contra os golpistas.
A central de brinquedo do PSTU, partido que se diz revolucionário, parece viver dentro de um aquário, longe da realidade ao dizer para que as pessoas no 1º de maio, dia internacional de luta dos trabalhadores, intensifiquem as denúncias nas redes sociais e façam panelaços contra o governo e os patrões. Como se esse tipo de ação e atitude fosse mudar a política da extrema direita e dos tubarões capitalistas em prol da população negra e pobre, que está nesse momento entregue à própria sorte.
O artigo também apresenta um repúdio às ações do governo federal e ao congresso em relação a redução de salários, a flexibilização dos direitos trabalhistas e a não garantia, por parte dos governantes, do isolamento social forçado (quarentena vertical, o chamado “lockout”).
Diante das demissões em massa que acontecem por todo país, do rebaixamento dos salários, da fome e das mortes que se alastram nas populações marginalizadas, diante de todos esses ataques contra a classe trabalhadora por parte dos capitalistas, que se intensificaram ao utilizarem a pandemia como desculpa, a pergunta que fica é: o que a CSP-Conlutas fez para mudar essa situação, além de fechar as portas do sindicato e jogar os operários aos patrões?
Os atos virtuais, votações online, notas de repúdio, não vão ajudar em nada a situação classe trabalhadora, dos negros e pobres que a cada dia é mais catastrófica. Portanto, o sindicato deve se somar ao cotidiano dos trabalhadores, organizar a população nas ruas tomando todas as medidas de segurança diante da epidemia, chamar uma greve geral, para pôr abaixo toda essa direita fascista e racista que tomou de assalto o poder no país.