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Recuperação demorada

Conjuntura desmente o mito da recuperação da economia

O capitalismo vai demorar a se recuperar dessa crise, caso o faça, podendo demorar anos para retomar a produção

A recuperação da economia vai ser lenta, desigual e incompleta em todos os países. É o que aponta indicador criado pelo centro de pesquisa chinês Luohan Academy a partir do monitoramento da economia de 131 países desde o início da pandemia do coronavírus. O indicador chamado Pandemic Economy Tracker (PET) registrou recuperações que variam de 82,4% (Peru), a 98,3% (China). (Brasil 247, 8/9/20)

Segundo a Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2/9/20, “o produto interno bruto (PIB) americano do segundo trimestre caiu 9,1% (-31,9% anualizados) em relação ao trimestre anterior. Na Área do Euro (AE), a queda foi bem maior, de 12,1%, e no Japão, de 7,8%.” O tamanho da queda (ou recessão) indica que as informações sobre a melhora da economia mundial são otimistas demais ou estão captando somente uma parte do movimento econômico, como bem tem mostrado os informes da Bloomberg Economics.

No caso norte-americano, os milhões de empregos perdidos na primeira metade do ano, estão sendo recuperados lentamente e o governo continua aportando 300 dólares por desempregado por semana (depois de ter aportado US$ 600) para manter o programa de assistência ao desempregado. Mesmo assim, o consumo das famílias está crescendo muito lentamente. Na publicação do IPEA citada anteriormente, o técnico Paulo Mansur Levy observou que “o aumento do consumo de bens tem muito a ver com as políticas de transferência de renda, que permitiram amortecer o impacto da redução da atividade econômica sobre o emprego. Nos Estados Unidos, além de uma transferência de US$ 1.200 por declarante de Imposto de Renda, mais US$ 500 por criança, houve uma suplementação federal de US$ 600 por semana nos valores do seguro-desemprego pago por governos estaduais.”

Na Europa, reconhecendo que sem a volta do consumo as empresas demorarão a normalizar a produção, a Alemanha vai iniciar uma experiência de renda básica, a exemplo do que havia feito a Finlândia. O Instituto de Pesquisa Econômica do país vai receber doações para pagar 1.200 euros a 120 pessoa por três anos. O valor é um pouco acima da linha de pobreza do país. (Exame, 19/8/20) Ainda não é o início da implantação da renda mínima como a imprensa mundial chegou a anunciar, mas expressa a pressão popular pela garantia mínima de renda para todos os cidadãos.

A expectativa dos analistas de empresas de finanças é de que a recuperação econômica se dê ao longo dos dois próximos anos. Mas a maioria dos estudiosos não arriscam projeções, pois sabem que esses momentos de crise podem produzir novas quebras e grande instabilidade especialmente nos mercados financeiros internacionais apesar da tendência de recuperação indicada pelos dados de produção e preço de matérias primas, com exceção do petróleo, que está cotado a US$ 42.10 o barril, ou seja, um terço do que custou no início da crise de 2008 e menos da metade do que custava em junho de 2014.

No caso do petróleo, as quedas no preço têm afetado drasticamente a Venezuela, a Rússia e o Brasil. No caso dos dois países latino-americanos, a manutenção em preços muito baixos faz o petróleo ser um elemento fundamental da crise econômica e política dos dois países e aponta para a manipulação de preços pelas grandes corporações internacionais que querem tomar posse das jazidas desses dois países. No caso da Rússia, as manipulações de preços acabaram saindo pela culatra. A Arábia Saudita foi usada como ameaça à Rússia em uma tentativa de controle do preço e acabou sendo o estopim de uma crise mundial em março deste ano. A Rússia bancou a chantagem feita pela Arábia e EUA e acabou saindo-se vitoriosa na queda de braço e, ao mesmo tempo, mostrou o quão frágil é a economia capitalista mundial.

O Brasil, que passou a ser um país exportador de matérias primas, como na colônia e início da República, já não tem vantagens com o Pré-Sal (a maior reserva mundial de petróleo), pois as empresas estrangeiras controlam a política nacional de petróleo e já são donas de grande parte da Petrobrás. Os minerais vão acabar compensando um pouco, já que os preços têm se recuperado mais rapidamente, contudo, como também estão nas mãos de empresas estrangeiras, o país vai lucrar muito pouco com isso, fazendo com que o efeito interno das exportações seja pequeno ou nulo, retardando ainda mais a recuperação econômica, se ela ocorrer.

De qualquer modo, é temerária uma projeção de volta à “normalidade” pré-pandemia. Os próximos anos serão de movimentos contraditórios e erráticos nos mercados mundiais, sendo que os mercados financeiros darão a tônica da instabilidade podendo produzir quebras drásticas a qualquer minuto.

Observando os dados de preços de matérias primas, produtos industrializados e bens de capital nos últimos 20 anos, podemos verificar que a crise de 2008 persiste até os dias de hoje e vai se estender por muito mais.

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