O El País, jornal de direita que se considera meio de esquerda publicou uma coluna assinada por Oliver Stuenkel sob o título “É preciso resgatar da extrema direita os símbolos nacionais”. O autor argumenta que a esquerda não deveria deixar a extrema-direita “se apropriar” dos símbolos nacionais, pois isso permitiria à extrema-direita apresentar seus inimigos como inimigos do próprio país.
De fato, a extrema-direita tem essa campanha demagógica, apresentando-se como patriota. No caso dos países atrasados a campanha ultrapassa os limites do ridículo, pois essa extrema-direita é entreguista e submissa aos interesses de potências imperialistas estrangeiras. Bolsonaro é um bom exemplo disso, entregando as riquezas nacionais e batendo continência para a bandeira dos EUA, enquanto alega ser patriota.
No entanto, isso não passa de demagogia, e assim deve ser denunciada. E o campo que se opõe a essa política entreguista no Brasil é composto pelas organizações operárias e populares e pelos partidos de esquerda. Esses grupos tem uma cor tradicional, a cor da luta dos trabalhadores, que é o vermelho. A bandeira vermelha expressa naturalmente uma oposição a esse programa entreguista da direita, e portanto uma oposição ao imperialismo. A cor vermelha é expressão de uma posição política, de defesa, em primeiro lugar, dos trabalhadores, mas também de defesa do país diante do imperialismo, ou seja, de defesa da soberania.
Começar a usar símbolos dos coxinhas, como o texto do El País sugere, só serviria para confundir nesse sentido. Troca-se o vermelho, e a expressão clara de uma oposição ao imperialismo e ao golpe, por uma ideia vaga de “nacionalismo” que ninguém sabe dizer bem o que significa. O único ganho seria para a direita, com a confusão gerada no movimento. Por exemplo, como a direita faria para se infiltrar em manifestações vermelhas como as dos dias 15 e 30 de maio?
Os símbolos nacionais, por outro lado, foram usados ativamente para confundir em junho de 2013, quando a direita montou toda uma operação para diluir as manifestações com pautas difusas, esvaziando os protestos de reivindicações sociais. Parte da manobra foi espalhar bandeiras do Brasil pelo protesto em São Paulo. Já não se podia dizer claramente se os protestos eram de esquerda ou de direita, e a direita tratou de expulsar a esquerda por meio da violência, até que os coxinhas tomaram conta e então o povo simplesmente abandonou os protestos naquele momento, que terminaram dando em nada.
A proposta de tentar disputar os símbolos nacionais com os coxinhas só serve para alimentar a possibilidade de repetir esse tipo de confusão dentro do movimento. A esquerda, os operários, os camponeses, os estudantes e todos os setores populares devem usar a cor vermelha e as cores de seus movimentos. Esses símbolos em si expressam uma política, e mantêm a direita golpista bem longe. Assim devem ser as próximas manifestações pela queda de Bolsonaro e pela liberdade de Lula, um mar de gente de vermelho.