No último mês de Maio, o governo psdebista de Bruno Covas lançou concurso há muito pedido pelas administrações escolares para o cargo de Auxiliar Técnico de Educação (ATE), profissionais que prestam atendimentos dentro das escolas como inspetores de alunos, auxiliares de secretaria escolar, atendimento à comunidade escolar, matrículas de alunos, entre outros serviços.
O quadro destes servidores há muito está escasso, com os atuais servidores sendo sobrecarregados em muitas unidades escolares, frente ao grande número de estudantes e quadros profissionais cada vez mais reduzidos. Com as pressões de direções e comunidades escolares frente ao caótico quadro da educação municipal, que nos últimos anos realizou greves combativas contra os ataques à educação e às condições de vida dos servidores, a prefeitura de São Paulo publicou em maio, o edital do novo concurso público da Secretaria Municipal de Educação, com oferta de 1.737 vagas, sendo 1.109 para o cargo de ATE e 628 para o cargo de Coordenador Pedagógico.
Após finalizado o prazo de inscrição que se iniciou em julho, o site da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo anunciou a quantidade de inscritos para o cargo de Auxiliar Técnico, são no total 118 mil inscritos. Com a absurda concorrência de 106 candidatos por vaga. Tal exemplo demonstra com clareza o rebaixamento das condições de vida dos trabalhadores no país, pois tal concurso, como um leigo, ou desinformado poderia pensar, não é por um salário de R$10.000,00; mas sim por um piso de R$ 1.553,40 de acordo com o último reajuste, da categoria, acrescido de vale alimentação e refeição que faz este valor chegar a cerca de R$2.100,00.
Entre os milhares de inscritos, estão sem dúvida, trabalhadores procurando maior segurança frente aos resultados do golpe de Estado como o aumento do desemprego; ou ainda, milhares de jovens que não encontram emprego no país e anseia um lugar ao sol, uma pequena que seja, perspectiva de vida. Mas o anuncio do recorde de inscrições caíram como um balde de água fria na cabeça dos mais de 118 mil inscritos, que sabem que o “milagre” só ocorrerá para cerca de mil pessoas, as outras 117 mil continuaram em situações de vida ainda piores. E ainda o alerta para os um mil cento e nove aprovados, que conseguirem o “milagre”, eles terão uma vida muito difícil frente ao sucateamento das escolas municipais em São Paulo, que se reflete em inúmeros males sociais que afloram no dia a dia das escolas da capital paulista, levando muitos servidores ao adoecimento dentro dos estabelecimentos públicos.
Com tal situação, um jovem candidato ao concurso de ATE, fez o seguinte comentário em unidade escolar, “Talvez seja mais fácil fazer a revolução, do que ter uma vida digna neste país”.