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Carta do leitor

Comunismo e veganismo

Leitor do DCO responde a texto publicado em sítio do PCB sobre o veganismo e o movimento comunista

Resposta ao artigo de opinião chamado “Os comunistas e os animais”, publicado na página do Partido Comunista Brasileiro.

O texto, além de produzir algumas desinformações a respeito da criação animal no Brasil, em geral, remete, mesmo que timidamente, a uma defesa do veganismo. Segundo a lógica do texto, o problema do veganismo seria ele estar sendo apropriado pelo capital e que deveria ser disputado pelo movimento comunista.

Cabem aqui, algumas considerações sobre passagens do texto:

“…Reclus pontuava já naquela época as contradições da produção animal capitalista, que desfigura e diminui os animais, bem como criticava a seleção artificial.”

Criticar a seleção artificial é fazer uma frente com os setores que se colocam contrários ao desenvolvimento tecnológico da sociedade. A seleção artificial (ainda que possa ser criticada da forma como é feita na sociedade capitalista) é o que permite maiores produtividades, maiores rendimentos de carne pela quantidade de alimento ingerida, produção de animais mais precoce. Basicamente, sem a seleção artificial, ainda estaríamos abatendo bovinos com seis anos de idade, no lugar de abater com 1,5, como já é possível nos dias de hoje. Além disso, a seleção artificial é o que possibilitou a agricultura e a pecuária no mundo, sem ela, a humanidade seria composta de caçadores e coletores.

“…fazendo com que o movimento comunista se depare com novas questões, que antes não tinham impacto crescente nos debates e disputas políticas, como agora: a degradação ambiental, o sofrimento animal e a irracionalidade extrema da produção e reprodução artificial de animais.”

A criação animal foi possível graças à domesticação de animais selvagens e a seleção possibilitou a criação de animais de produção. Com o desenvolvimento tecnológico, surgiram novas ferramentas utilizadas na reprodução dos animais domésticos. Entre elas, destaca-se a inseminação artificial, que no texto é tratada como “irracionalidade extrema”, que possibilitou a redução na quantidade de reprodutores por matrizes, e melhorou muito significativamente as capacidades de melhoramento genético, uma vez que um reprodutor pode ser testado, simultaneamente, em centenas e até milhares de animais.

“Nesse sentido, os comunistas, historicamente, se comprometem com a reforma agrária e o enfrentamento ao latifúndio, buscando sua substituição ideal pelo modelo mais moderno e ecologicamente sustentável possível, que hoje seria a agroecologia, técnica que reduz ao extremo ou até mesmo abole a produção animal.”

Nesse trecho do texto, há uma defesa da agroecologia como paradigma de agricultura para o enfrentamento do latifúndio e do agronegócio. A agroecologia, como um movimento heterogêneo, tem diversas abordagens e
concepções. A realidade hoje é que a quase totalidade da agricultura ecológica no Brasil depende da utilização do esterco de animais como fonte de nutrientes.

Portanto, a agroecologia não reduz ao extremo, nem abole a produção animal. Pelo contrário, a agroecologia depende da interação animal-solo-planta para produção. Além disso, existe a produção animal agroecológica, que tem como principal exemplo o Pastoreio Racional Voisin (PRV), um sistema de criação animal intensivo, à base de pasto, possível em qualquer escala e que possibilita produção que regenera o ambiente e combate o efeito estufa.

“O fato de a produção animal estar profundamente assimilada e naturalizada na nossa sociedade, mesmo com suas gigantescas contradições, revela o caráter extremamente revolucionário necessário para a real libertação animal e, por isso, o movimento comunista é o único instrumento da classe trabalhadora realmente capaz de realizar as transformações necessárias para a retirada dos animais das relações de produção.”

Colocar o movimento comunista como instrumento da classe trabalhadora para retirar os animais das relações de produção, salvo algumas exceções, não possui relação histórica com o movimento operário e com os camponeses. Não há dúvida que o latifúndio brasileiro utiliza os animais de produção de forma exploratória e improdutiva, mas os próprios assentamentos da reforma agrária no Brasil possuem exemplos concretos da utilização da pecuária de forma sustentável.

São reivindicações reais dos trabalhadores e dos oprimidos a democratização e o acesso aos mais diversos alimentos, entre eles, os produtos de origem animal. Além disso, a defesa do veganismo e da “real libertação animal”
desconsidera o trabalho de muitos comunistas no sentido de desenvolver uma pecuária que respeite o bem-estar animal e o meio ambiente.

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