“Como Zumbi, organizar a autodefesa dos negros”: assista o Tição, programa de preto

Da redação – Nesta terça-feira (20), foi realizada uma edição especial do programa Tição, programa de preto, na Causa Operária TV, apresentado por Juliano Lopes, coordenador do Coletivo João Cândido, agrupamento negro do Partido da Causa Operária (PCO), sobre este dia que remonta à luta de Zumbi dos Palmares e sua morte. Com o tema O golpe, o negro e a luta contra a ditadura e o fascismo. O apresentador iniciou a exposição explicando a diferença entre o programa marxista como dia de luta e a visão concebida pela esquerda pequeno-burguesa como o dia da “Consciência Negra”.

Juliano Lopes apresentou a posição marxista do coletivo negro João Cândido:

“A nossa caracterização sobre o 20 de novembro é a seguinte: um setor da esquerda enxerga essa data como o dia da ‘Consciência Negra’, como se todo o problema do negro fosse um problema de consciência, basicamente um problema de pensamento, um problema subjetivo. E por isso, o que se faz nessa data, o que se fazia nessa data é uma celebração de aspetos culturais da vida do negro: o cabelo, a roupa, a sua arte, a sua cultura, então, todo dia da consciência negra ficou perdido um pouco nesses aspectos subjetivos.

E daí que nasce o dia da luta do povo negro, que nós da Causa Operária chamamos assim o 20 de novembro, que achamos que deve ser comemorado como um aspecto de luta do povo negro. Por que também celebra a morte de Zumbi dos Palmares, morto pela coroa imperial e lutando em defesa da liberdade do próprio quilombo e de sua própria liberdade.

Tem alguns aspectos interesses, em relação ao próprio Zumbi, foi um dos primeiros a levar adiante a política atual da autodefesa. Ele no Quilombo dos Palmares colocou em prática aquilo que os movimentos de luta contra o golpe estão fazendo neste exato momento: constitui-se uma série de batalhões, de guarnições de pessoas que faziam a autodefesa do Quilombo dos Palmares diante dos ataques da coroa”.

Um livro muito importante sobre o tema é o “O Quilombo dos Palmares”, de Edson Carneiro, um escritor brasileiro especializado em temas afro-brasileiros, um dos maiores etnólogos brasileiros, comprometido com os estudos sobre a cultura afro-brasileira e militante do Partido Comunista Brasileiro a partir da década de 1930. Neste livro ele refunda um debate mais tarde esquecido, mas profundamente atual: as experiências da diáspora e da história da África, em um estudo original sobre a organização política, econômica, militar, cultural e social de Palmares, apontando para o fenômeno “contra-aculturativo”. Indo mais além, foi pioneiro em pesquisar em torno de uma sociologia própria dos quilombos no Brasil, onde, segundo ele, o “tipo de organização” dos quilombos era de verdadeiros “estados africanos”.

O rei anterior do Quilombo dos Palmares manteve conversas com a coroa escravocrata, chegando a negociar posições estratégicas para a luta dos negros à época, algo que hoje em dia vemos muito no movimento sindical. A comparação vai no sentido de que essas negociações com a burguesia acabam sempre em ataques contra os interesses da classe operária, tomando o caminho errado da conciliação e não da luta. O caminho dos trabalhadores sempre foi a luta, e o que Zumbi fez foi organizar a luta em torno da sua liberdade e dos escravos em geral e não de conversar com quem matava os escravos de trabalhar, torturados e de tantas formas horrendas registradas nos livros de história.

A ação do coletivo, e não só sua concepção, é de organizar para que essa data seja de luta em torno dos interesses dos trabalhadores, contra os golpistas, porque é uma questão fundamental e ainda mais hoje, de vida ou morte. Derrotar o golpe é o objetivo, pois, se a direita avança, você teria ali um Comitê, um grupo de autodefesa, de defesa – no caso dos Palmares, um exército de autodefesa – contra as agressões do imperialismo.

Os aparatos de repressão do Estado Burguês vêm assassinando o povo negro a cada dia mais no Brasil. Os números atuais são de 225 mil negros mortos em 10 anos e depois do golpe aumentaram exponencialmente. Os dois acontecimentos mais emblemáticos do último período foram o assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson pelas forças repressivas no Rio de Janeiro e do capoeirista Moa do Katendê, assassinado por um seguidor de Bolsonaro e debatidos pelo palestrante no sentido de explicar essa violência contra os negros.

Os fatos do caso Marielle e Anderson dão conta de que as câmeras de segurança naquele local onde aconteceu o assassinato brutal, foram desligadas semanas antes; as balas utilizadas foram roubadas da polícia, dentro de uma agência dos correios, para serem utilizadas como “balas frias” e também sendo utilizadas em outro massacre na capital de São Paulo; demonstrando assim, um alto nível de organização na ação coordenada por verdadeiros profissionais. Já o caso do capoeirista, expressa a polarização política, o avanço da extrema-direita em indivíduos fascistas que se sentem à vontade de atacar esquerdistas, sindicalistas, estudantes, mulheres para amedrontar os ativistas. Assim, é necessário a organização desses comitês de autodefesa.

Zumbi lutou até as últimas consequências e a luta do povo negro continuou mesmo com a queda de Palmares. Essa é a mensagem da palestra do companheiro Juliano Lopes do Coletivo João Cândido: organizar a autodefesa do povo negro contra o golpe, como o grande guerreiro Zumbi dos Palmares, um general negro, contra o império, contra os militares e o fascismo.

Assista à palestra, veja os dados crescentes sobre os ataques contra a população negra pelos golpistas e venha para o coletivo João Cândido:

 

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