Os militantes revolucionários do século XXI não tem o privilégio de que teve Lênin, Trótski e outros comunistas. Estes tiveram a oportunidade de aprender tanto pelo convívio direto quanto pela experiência a arte de construir um partido revolucionário. Lênin sistematizou uma teoria para a formação do Partido, mas suas conclusões foram tiradas à partir das limitações da Social Democracia internacional, o maior movimento operário já visto. A Social Democracia tinha grandes jornais, intelectuais de primeira grandeza, como Karl Kautsky e tinha formulação política mesmo que reformista, muito mais refinada, coerente e concreta que a esquerda atual.
O revolucionário, em 2020, não tem grandes partidos como estes com quem aprender, mesmo que pelo mau exemplo. Os grandes partidos da esquerda mundial não herdaram suas tradições da antiga luta operária, as herdaram dos métodos burgueses e pequeno-burgueses de fazer política.
Do que difere a atuação parlamentar do Partido Comunista Francês e do Trabalhismo inglês se comparada aos conservadores de seus países? Apenas as propostas, o método, que é o que discutimos aqui é extremamente similar. O tipo social também.
A 30ª Conferência do PCO, que começou no dia de ontem (15), se colocada nesta perspectiva, parece algo muito peculiar, ou melhor dizendo, algo de outra época.
Nela, mais de 150 delegados, representando mais de 100 cidades, estão debatendo a atual conjuntura, o caminho a ser seguido, criando uma unidade política ideológica. Às vésperas da eleição municipal, nenhuma única legenda reuniu seus filiados ou militantes para debater o que fazer na disputa, lançam-se em acordos de camarilha cegamente diante da burguesia.
Num ato de grandeza, a direção do PCO determinou que este debate entre militantes de todas as patentes fosse público para todo o mundo. A Causa Operária TV então se dedicou a transmitir todo o evento, para mostrar o que é uma verdadeira tradição de democracia partidária.
Aplicado estes princípios para nossa época, a TV pela internet do Partido veicula o evento, milhares já viram as intervenções. Por vídeo chamada, militantes do PCO que vivem na América do Norte, Europa e Ásia participam do debate e os delegados dos militantes emigrados tem voz e voto.
A direita quer convencer o trabalhador de que o comunismo é regime ditatorial, uma religião ou uma seita satânica, como falam da Coréia do Norte. No Brasil, o único lugar em que a base reúne para decidir o que vai ocorrer no próximo eleitoral é no PCO. É assim que o PCO, mesmo pequeno, ergueu a maior imprensa partidária do País, organiza atos, mutirões, campanhas reconhecidas do Oiapoque ao Chuí. A centralização se baseia não em poder material, como nos partidos de direita, mas na autoridade da discussão democrática e do centralismo. Assim se constroem os partidos operários, assim surgiram assim se reerguerão.