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Como podem os atos Fora Bolsonaro serem bons para Bolsonaro?

Ex-jornalista da Folha diz que atos "quebram isolamento social" e dão munição a Bolsonaro. O correto seria ficar em casa e esperar que ele e toda a direita "científica" resolvam

No momento em que o Brasil atinge, oficialmente, a marca de 40 mil mortos e quase 800 mil infectados – com números reconhecidamente falsificados, ou “subnotificados”-, e quando, ao mesmo tempo, governos dos Estados com maior numero de óbitos, como São Paulo (mais de 10 mil) e Rio de Janeiro (7 mil), seguem a política de banqueiros e grandes capitalistas de retomada das atividades econômicas (a mesma política de Bolsonaro), sem adotar qualquer medidas efetivas de combate 1a pandemia, assegurando o contágio e a morte de muitos outras dezenas de milhares de pessoas. Nesse exato momento, setores que se consideram como opositores de Bolsonaro ou até mesmo de esquerda, resolvem reafirmar sua posição se seguir a orientação publicitária da maioria dos governos da direita (diferente das medidas adotas no mundo real) e fazer campanha a favor do “fique em casa” e, pior ainda, de alguma tentar responsabilizar os manifestantes que protestam contra o governo genocida como responsáveis por uma possível reação negativa do governo e até mesmo por uma possível “nova onda” de contágios.

Indo nessa direção, o jornalista Mario Vitor Santos, ex-ombudsman da Folha de S. Paulo e ex-diretor da Sucursal do pasquim tucano, em Brasília e, atualmente, integrante da rede Jornalistas pela Democracia, em artigo intitulado “O erro das manifestações de domingo”, publicado no site Brasil247, busca apresentar suas considerações sobre os possíveis resultados dos atos que vem tomando conta de todo o País e que, no último fim de semana, ocorreram em mais de 20 capitais e, pelo menos, outras cidades do interior, afirmando que  “com as manifestações rompendo o isolamento social, agora a oposição ofereceu a Bolsonaro a oportunidade de trocar de posição com ela. O capitão espertamente aceitou o jogo e passou ele então a pedir a seus seguidores que ficassem em casa”.

Isso mesmo, num País em que milhões de trabalhadores saem todos os dias, em ônibus e trens lotados para trabalhar (sem terem parado por conta pandemia), e no qual milhões de pessoas estão sendo convidados pelos governos da direita (não só por Bolsonaro) para voltarem às compras e lotarem as ruas, o autor pretendem responsabilizar os protestos organizados por setores da esquerda, comitês de luta, torcidas etc – quase sempre respeitando medidas de proteção e distanciamento social – de serem os responsáveis por “romper o isolamento social” que só existiu, de fato para uma minoria.

Exaltando as supostas “astúcias”, “capacidade” e outras improváveis habilidades  do presidente ilegítimo, o jornalista afirma que os movimentos estão se enganando e substimando o fascista e cita diretamente as manifestações de rua do último domingo (7).

Ele lastima que “a esquerda seguiu as torcidas de futebol e outras organizações populares de juventude e talvez tenha perdido uma carta fundamental em seu jogo contra o governo miliciano de Jair Bolsonaro” e decreta que “as manifestações foram um erro. Com elas, alguns setores voltaram às ruas. Foi justamente esse o equívoco”.

Por certo o autor – que não expressa nenhuma simpatia pelo governo genocida – considera, como boa parte da esquerda )que se mantém na posições anterior), que o correto seria continuar a não fazer absolutamente nada a não ser inúteis protestos na internet, limitados “panelaços”(esses sim incapazes de abalar a “sensibilidade” de um mamute dos governo da direita) bem como os inválidos protestos junto ao Ministério Público, Judiciário e Comissões de Ética e outros fóruns do regime golpista que, em quase cinco anos de golpe de Estado, não serviram para barrar uma só medida contra o povo brasileiro, como também referendaram todas as iniciativas fundamentais contra o povo e seus direitos democráticos.

Santos, afirma que a esquerda estava em “vantagem política evidente”, mantendo os milhares de sindicatos fechados e assistindo em quarentena a direita sair às ruas e fazer campanha pública e crescente a favor do golpe militar e enquanto a população morre como baratas. Quando os trabalhadores começam a reagir e a protestar, segundo o autor, estariam ficando em desvantagem.

Seguindo essa lógica, o povo negro, a população pobre e trabalhadora, dos EUA, estaria em “vantagem” se ao invés de protestar contra Trump e o regime racista e genocida que já levou à morte mais de 110 mil pessoas, permanecesse em casa, chorando apenas pelo assassinato de Gerode Floyd e outros milhares de negros, lamentando com petições e protestos na internet os 40 milhões de desempregados etc.

Segundo ele, essa posição covarde e inútil da esquerda correspondia a ficar “ao lado da ciência, das autoridades sanitárias, da única técnica eficaz de combate à pandemia”, cujos resultados brilhantes podem ser auferidos nos cemitérios, nos cartórios de registro civil (óbitos), no número crescente de famintos, desempregados.

A “receita” do jornalista, que é a mesma de Dória, de Maia e de toda a direita:  “fique em casa”, ou melhor, morra em casa, sem lutar, parece evidenciar que o mesmo  não é muito afeito à luta dos explorados em toda a historia nacional (e também no mundo) na qual nenhum problema fundamental das classes exploradas foram resolvidos esperando pelas iniciativas, “científicas” ou não, dos exploradores. Os que lutam contra a opressão sempre precisam enfrentar com seus próprios métodos de luta, e os devidos riscos e precauções, seus verdugos.

Foi assim, na luta contra a escravidão (a não ser que se dê crédito à tese reacionária e bolsonarista de a Princesa Isabel acatou conselhos religiosos e “científicos” e resolveu libertar os escravos), foi assim na luta contra a ditadura militar (que foi obrigada a se retirar por conta da luta dos operários e não pelos discursos de Ulisses e facilidades negociadoras de Tancredo etc). Nestes e em todos os momentos importantes da nossa história, foi a luta de classes, a mobilização dos negros, dos operários, da juventude que fez a situação evoluir em um sentido progressista e nunca a postura covarde e defensiva dos que encontravam, e sempre é possível encontra, justificativas par anão lutar.

Chega a ser normal que o jornalista, ex-membro do staff do jornal golpista Folha de S. Paulo pense assim. “Não é a consciência que determina a existência”, mas o contrário ensinou Marx.

O problema é justamente que setores da esquerda – dizendo colocar-se na defesa dos interesses dos trabalhadores – se aferrem a essas idéias e repitam “conclusões” que não tem base na realidade, como a de que:

Com as manifestações rompendo o isolamento social, agora a oposição ofereceu a Bolsonaro a oportunidade de trocar de posição com ela. O capitão espertamente aceitou o jogo e passou ele então a pedir a seus seguidores que ficassem em casa“.

Onde o jornalista enxerga uma estupidez de setores da esquerda e do povo pobre e trabalhador, reside a sua força.

Se a maioria da esquerda não foi capaz de atuar como vanguarda que se antecipa e procura apontar um caminho de luta e emancipação dos trágicos caminhos de fome, morte e miséria traçados pela direita e sucumbiu com uma política de conciliação e capitulação diante da direita “científica” e dos seus conselhos, que ao menos seja capaz de aprender com as mobilizações com a sabedoria popular e que, boa parte dela, seja capaz de romper com a politica de aliança com os golpistas e carrascos do povo, como os que se agruparam na frente ampla e sair à luta, e às ruas em defesa do Fora Bolsonaro e todos os golpistas, e das reivindicações mais imediatas da população pobre, negra e explorada.

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