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Como perder um país para a extrema-direita: esquerda alemã se une com Merkel para “evitar” a ascensão do fascismo

Está em marcha na Alemanha um fenômeno político da maior importância. Não por que seja uma novidade no mundo da política, muito pelo contrário, mas serve como grande lição para toda a esquerda não só alemã, mas mundial, inclusive no Brasil. Estamos falando do papel de submissão da esquerda pequeno-burguesa, que diante da falência dos regimes políticos muitas das vezes se presta a salvar o regime, aliando-se à direita tradicional como forma – totalmente ineficaz, diga-se de passagem –  de combater a extrema-direita. Em outras palavras, a velha política da Frente Popular.

Um dos aspectos que mais chamou atenção nas últimas eleições da União Européia, ocorridas há poucas semanas foi o franco desenvolvimento da extrema-direita. Como principal representante da extrema-direita européia que começa a levantar a cabeça estava o italiano Matteo Salvini, do partido Liga, de inspiração fascista. Na Alemanha, um dos países imperialistas mais importantes da Europa e do mundo a direita tradicional, o CDU (em português seria União Democrata-Cristã), partido de Angela Merkel conseguiu manobrar e manter a maioria das cadeiras, mas não há saída. O crescimento da extrema-direita na Alemanha, como é o caso do AfD (Alternativa para a Alemanha), faz com que a influência política deste setor seja cada vez mais relevante, de modo que para governar, o CDU terá que negociar com o AfD.

No meio desse desenvolvimento, ao invés de atuar com uma política independente, que seja uma defesa real dos interesses dos trabalhadores, a esquerda se joga ao mar, sem salva-vidas, para salvar o regime político que se afoga. O desenlace dessa política já conhecemos de antemão.  No frigir dos ovos esta aliança entre a direita tradicional e a esquerda pequeno-burguesa será inútil para frear o avanço da extrema-direita, e ainda terminará com o afogamento da esquerda, que se atreveu a se jogar nos mares turvos da opinião pública sem saber nadar.

Mas é justamente nessa direção que a esquerda alemã tem apostado. Uma matéria publicada pelo Deutsche Welle, um instrumento de propaganda do imperialismo alemão apresenta os resultados das eleições no município de Görlitz, onde por uma pequena margem (45 % x 55 %) o AfD foi derrotado por uma coligação entre o CDU e a esquerda. Görlitz é a cidade mais ao leste da Alemanha, e portanto ficava na Alemanha Oriental. Nesta coligação para derrotar Sebastian Wippel, candidato do AfD juntou-se também o partido A Esquerda, remanescente do regime soviético e o SPD, o partido social-democrata alemão. Todos apoiaram Octavian Ursu, da União Democrata-Cristã (CDU), o cidadão da foto desta matéria. O CDU de Angela Merkel tenta levar adiante na Alemanha uma política neoliberal, de privatizações e retirada de direitos dos trabalhadores alemãos, de forma análoga a Macron na França ou ao PSDB no Brasil.

Como se não bastasse esse resultado expressivo, houve também outro caso recente no país, também divulgado pelo DW, que foi o assassinato do chefe do conselho administrativo do distrito de Kassel, Walter Lübcke, integrante do CDU. Lübcke, que tinha 65 anos foi encontrado morto por parentes no terraço da sua casa, com um tiro na cabeça no dia 2 de junho. A polícia trabalha com a hipótese de que o assassinato teve motivações políticas, uma vez que Walter era de uma ala do CDU que em alguma medida tinha uma política pró-Imigração. Por conta disso, Walter Lübcke já tinha entrado em atrito com elementos da extrema-direita alemã anteriormente em torno do problema dos imigrantes. Embora seja do CD.U não é de se estranhar que Lübcke fosse pró-imigração, uma vez que para o imperialismo alemão a mão de obra imigrante é muito mais barata, e ainda serve para colocar a classe operária alemã na defensiva.

São dois acontecimentos que mostram o franco desenvolvimento da extrema-direita na Alemanha, e na realidade em toda a Europa. Sendo um dos países mais poderosos do mundo, a burguesia da Alemanha possui muito mais recursos para conter a extrema-direita. Por isso mesmo, o seu desenvolvimento em território alemão revela uma tendência para toda a Europa e até para todo o mundo.

Diante do desmoronamento do regime político a esquerda não pode se prestar ao papel de ressuscitar o cadáver político que é a direita tradicional, essa é a receita para o fortalecimento da direita e da extrema-direita, como estamos vendo na Alemanha e na Europa. Isto serve de lição para nós, brasileiros, que estamos vendo a aliança da ala direita do PT com o PSDB. Os resultados são catastróficos para a esquerda e o povo, enquanto que a extrema-direita e a direita se fortalecem.

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