Mesmo tendo levado a mais de 200 mil mortos no Brasil e a mais de 2 milhões no Mundo (em números oficiais, sabidamente falsificados), a pandemia mostrou-se um excelente negócio para os grandes capitalistas. Enquanto os maiores bancos e empresas de tecnologia aumentaram seus patrimônios, a população mundial empobreceu. No entanto, apesar de terem feito da crise capitalista e da pandemia uma oportunidade para explorarem ainda mais os trabalhadores, os capitalistas sabem que, na medida em que a crise se aprofunda o ambiente se torna ainda mais caótico, elevando a tensão social, como visto nos EUA. Por isso, diante do aprofundamento da crise no Brasil, a burguesia está se preparando para o próximo impacto através de criar uma reserva para ter as melhores condições econômicas possíveis quando a crise estourar. É neste sentido que se colocam as demissões em massa nos bancos públicos e privados, a política de privatização do Banco do Brasil e da Caixa, o fechamento de centenas de agências e a terceirização de serviços, rumo a liquidar a categoria dos bancários.
A pandemia, ao ter escancarado as consequências da crise capitalista, é um bom exemplo de que, não fosse todo o esforço da direita para manter a economia funcionando, a custa de milhões de mortos no mundo e centenas de milhares no Brasil, nessa altura, a paralisação da economia poderia ter levado a um colapso. Esse foi o cálculo que o imperialismo fez, que ficou resumido na famosa frase de abrir a economia “morra quem morrer”.
Foi desta forma que os setores capitalistas mais poderosos conseguiram, mesmo com toda a catástrofe mundial, concentrar ainda mais riquezas, às custas do aumento da exploração em todo o mundo. Em 2020, segundo a Forbes, o Brasil atingiu 238 bilionários brasileiros, com fortunas que, somadas, chegam a R$1,6 trilhão de reais, uma alta de 33% em relação à 2019. O valor quase equivale ao PIB (Produto Interno Bruto) do Chile, que foi de R$1,63 trilhão de reais (US$ 298,2 bilhões) em 2018, segundos o Banco Mundial.
O Banco do Brasil, recentemente anunciou a demissões de 5 mil bancários. Muito semelhante ao que ocorreu na Caixa, que pouco antes lançou um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para demitir 7 mil funcionários. A direção da empresa, no entanto, não divulgou quanto trabalhadores aderiram. Segundo o bancário Sérgio Takemoto, presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa)
“a Caixa chegou a ter 101 mil empregados em 2014, hoje [2021] está com 82 mil.”
Está em marcha um verdadeiro enxugamento do quadro funcional, o que é um requisito básico para empresas serem oferecidas ao mercado, ou seja, aos capitalistas.
A polêmica em torno do Banco do Brasil, inclusive, acabou tomando as manchetes e ocultando um outro caso extremamente grave, o da Caixa. Isso porque o governo Bolsonaro vai usar o Caixa Tem, aplicativo utilizado para realizar os pagamentos do auxílio emergencial, para criar um banco digital desmembrado da Caixa, mas com dados da Caixa, como as 105 milhões de contas digitais adquiridas durante a pandemia e o pagamento emergencial de benefícios. Após promover, essa mais nova subsidiária da Caixa, o governo então vai privatizá-la, conforme permitido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – que alterou as regras, permitindo que subsidiárias possam ser vendidas sem passar pelo Congresso Nacional. Uma jogada casada em favor do imperialismo, que ficará de olho obviamente no que será o maior banco digital do mundo!
Ainda segundo o presidente da Caixa, o golpista Pedro Guimarães, o banco digital terá como objetivo três eixos: o pagamento dos benefícios sociais, atuar no microcrédito e também no crédito imobiliário para famílias de baixa renda. Ou seja, o governo destruirá a Caixa “empresa mãe”, a estatal de 160 anos de história, em detrimento de uma empresa que levará todas as conquistas da estatal para o setor privado. A direção da Caixa afirmou que estima uma avaliação em R$100 bilhões de reais para o banco digital e quer, em seguida, abrir o seu capital, ou seja, vender suas ações no mercado. A intenção, inclusive, é ofertar ações em bolsa no Brasil e no exterior, semelhante ao que o governo golpista já fez com outras subsidiárias da Caixa, como a de Cartões, Seguros e Previdência.
Essas medidas sem precedentes, de ataques aos trabalhadores e ao povo brasileiros, destruindo empresas públicas centenárias, como Caixa e BB, através do seus fatiamento e da demissão massiva de seus trabalhadores, tem como objetivo preparar a burguesia para um cenário posterior da crise capitalista, que como todos os dados mostram, inclusive os da pandemia, irão se aprofundar em 2021, junto com seu programa de terra arrasada e sua política genocida contra o povo brasileiro.