O jornal Resistência Camponesa, ligado a organização de luta pela terra Liga dos Camponeses Pobres (LCP), noticiou que o governador bolsonarista do estado de Rondônia, coronel Marcos Rocha (sem partido), anunciou que apresentará um projeto de lei que trará a legalização da grilagem de terras no estado.
Conforme o veículo de imprensa da LCP :
“O reacionário governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha (sem partido), alinhado à extrema direita bolsonarista, quer legalizar a entrega de mais de 11 mil hectares da Reserva Extrativista Jaci-Paraná e do Parque Estadual de Guajará-Mirim a latifundiários grileiros da região.”
Esses 11 mil hectares da reserva extrativista e do parque estadual estão situados nos municípios de Porto Velho, Buritis, Nova Mamoré e Guajará-Mirim. Além disso, tal território fica nas proximidades da reserva indígena Karipuna, que, graças aos ataques dos latifundiários, é a 9ª reserva indígena mais desmatada do Brasil. O projeto de lei – que, por sinal, é flagrantemente ilegal – contribuirá imensamente para facilitar a invasão de territórios indígenas.
As terras em questão são objeto de conflito há vários anos. Entre outros conflitos, no ano de 2014, por exemplo, os grileiros tentaram anular judicialmente a criação da reserva extrativista, criação essa que ocorreu no ano de 1998.
Cinicamente, a justificativa da legalização da grilagem por parte dos latifundiários é apresentada pelo governador em um vídeo gravado em conjunto com o secretário de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia, o policial penal Elias Rezende de Oliveira. E qual é a benevolente justificativa para tal ação criminosa? Solucionar os “conflitos sociais e ambientais”. Em outras palavras: para eles, a solução do problema é entregar o galinheiro para que as raposas possam dele zelar.
Corretamente, o jornal Resistência Camponesa aponta a colaboração dos órgãos do Estado burguês com os latifundiários:
“São esses mesmos órgãos do velho Estado que perseguem e criminalizam camponeses sem-terra e com pouca terra em busca de terra, trabalho e moradia quando estes se organizam para ocupar terras públicas roubadas por ricos latifundiários, os órgãos que empenham esforços para entregar áreas indígenas e ambientais para os ricos latifundiários e seus bandos de pistolagem”.
Tal situação é uma demonstração inequívoca de que nada de bom se pode esperar do Estado no que se refere à luta pela terra ou por qualquer outra reivindicação do movimento operário e dos movimentos populares em geral, pois se trata de um Estado de classe, da classe burguesa ou, como disseram Marx e Engels no Manifesto Comunista, o aparato estatal é um administrador dos negócios comuns da burguesia.
É preciso apontar também que, com o golpe de 2016, os ataques aos movimentos que lutam por reforma agrária se intensificaram consideravelmente. Por isso, a mobilização deve ter em vista a luta contra o golpe que, nesse momento, não pode ser travada sem as palavras de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas, por um governo dos trabalhadores, por Lula presidente em 2022.