Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) apontam que a recessão no setor de construção civil no país voltou a se verificar pelo vigésimo trimestre consecutivo ou seja, entre o período abril/junho de 2014 até o período janeiro/março de 2019. Ainda, para o segundo trimestre dessa ano (abril/junho), a expectativa é de uma novo encolhimento de 1,8% com relação ao mesmo período do ano passado
Entre 2014 e 2019, a queda no setor foi da ordem de 31% recuando para um patamar de 2004. A situação da indústria civil ainda deita por terra a miragem defendida por alguns economistas que teria havido uma retomada do crescimento econômico entre 2017 e 2019. O recuo nesse setor durante o período foi da ordem de 6,7%. Segundo os analistas da área, para voltar aos níveis de 2014, período pré-crise, o setor teria que ter um crescimento da ordem de 46,7%.
É crença comum no mercado da construção civil que a curva descendente não tem perspectiva de ser invertida. No fundamental, o setor se sustenta via crédito ao consumidor e as obras públicas, mas em ambos os casos não há uma luz no fim do túnel. O endividamento e o desemprego que atingem as famílias e a política de corte nos gastos públicos por parte do governo, expressam o sentimento negativo com relação a uma recuperação.
Mais do que uma queda continuada em um ramo da indústria, a construção civil por responder por quase metade dos investimentos na economia brasileira, pelo papel que cumpre na cadeia produtiva e no emprego direto de mão-de-obra, é um espelho do nível de deterioração da economia brasileira.
A deterioração desse que é o principal ramo da indústria está intimamente ligada ao golpe de Estado de 2016. É fácil constatar que o crescimento negativo no setor ocorre “pari passu” com o avanço da operação Lava Jato contra a Petrobrás. A fim de derrubar o governo do PT, a direita golpista foi a fundo na destruição da economia nacional, a começar pela Petrobrás, a alavanca a partir da qual os governos petistas procurararam dinamizar a economia. Não é por outro motivo que os ataques a Petrobrás produziram as cifras astronômicas de quase 600 mil postos de trabalhos diretos fechados de lá para cá.
Grandes empresas nacionais como a Odebrech e a OAS estavam vinculadas às construções de grandes empreendimentos de expansão da Petrobrás, como os pólos petroquímicos, as plataformas de petróleo para atender o pré-sal e, ainda, a construção naval, um sub-ramo da construção civil.
A política do golpe não ficou restrita a Petrobrás, estendeu-se a todos os campos em que a construção civil está presente. Segundo auditoria operacional do Tribunal de Contas da União, de maior desse ano, o Brasil tem 14.403 obras paralisadas ou inacabadas. Segundo o mesmo relatório, “Entre outros efeitos negativos, podem ser citados os serviços que deixam de ser prestados à população, os prejuízos ao crescimento econômico do País e os empregos que não são gerados. São mais de R$ 132 bilhões que deixaram de ser injetados na economia. Apenas no tocante aos recursos destinados às creches do Programa Proinfância, 75 mil vagas deixaram de ser criadas e oferecidas à população”.
Esse é o resultado da política verde-amarelista “inaugurada” com o golpe de Estado. É uma casca representada na defesa da Pátria, nos símbolos nacionais, nas camisetas verde-amarelas, e no pretenso combate à corrupção. Tudo uma grande empulhação, que tem como objetivo a destruição do País e a subjugação do seu povo às piores condições de vida, para favorecer o imperialismo e o grande capital nacional a ele associado.