Após quase 10 meses do assassinato do George Floyd, o judiciário estadunidense dará sequência ao julgamento do policial Derek Chauvin, responsável pelo assassinato de Floyd. No entanto, o juiz Peter Cahill adiou o julgamento após a acusação ter pedido que o tribunal espere que outro tribunal examine a possibilidade de estabelecer uma acusação de assassinato em terceiro grau contra o assassino de Floyd.
Acusado de assassinato em segundo grau e homicídio culposo pela morte de Floyd em 25 de maio de 2020, o ex-oficial do Departamento de Polícia de Minnesota (MPD, em inglês), foi filmando pressionando o pescoço de Floyd durante quase nove minutos, mesmo com Floyd detido e algemado – impossibilitado de oferecer qualquer resistência. Floyd, por sua vez, lutava para respirar enquanto o policial o asfixiava de maneira covarde.
Segundo o Juiz, “os jurados em potencial estão aqui, mas vamos ser realistas, isso não vai começar antes de amanhã (…) Então, salvo objeção de uma das partes, vou liberar os jurados e começar tudo amanhã com a seleção”, reiterou. Em meio ao tramite judiciário, a população saiu às ruas em protesto exigindo “justiça” por parte do Estado. Cientes das arbitrariedades e da ditadura contra a população pobre e negra norte-americana, os manifestantes deram o recado: “Se não há justiça, não há paz”. Além disso, um cartaz destacava a agonia de Floyd durante a tortura do policial: “Não consigo respirar”.
Em uma onda avassaladora de protestos, a população tomou às ruas após a morte de Floyd, de 46 anos. Os crimes cometidos pela polícia, no entanto, não pararam. Muitos outros negros foram assassinados brutalmente pela polícia.
O caso de Floyd, contudo, foi o estopim para desencadear uma sequência de atos públicos e manifestações onde a delegacias e prédios públicos foram incendiados pela ira da população oprimida. O caso, não obstante, não garante a condenação do policial. Segundo Ashley Heiberger, uma ex-policial que agora trabalha como consultora para práticas policiais, “há uma tendência do júri querer dar ao policial o benefício da dúvida”; “é ainda mais raro que eles sejam condenados”, acrescentou.
É importante, porém, destacar que a forma como Floyd foi atacado condiz com a política de Estado defendida e ensinada aos policiais. Segundo o próprio advogado de Chauvin, “ele agiu de acordo com a política do MPD, seu treinamento e seus deveres como oficial licenciado do estado de Minnesota”. Portanto, credita-se todas as mortes provocadas pela policia como método de controle social e uma política bem definida para os setores oprimidos que vivem nos EUA.
A apreensão é grande e não será fácil obter uma condenação tendo em vista que será necessária uma decisão unânime de todos os 12 jurados para colocar Chauvin na cadeia. No entanto, se Chauvin não for condenado uma nova onda de manifestações devem se alastrar pelo país.
Embora exista uma forte pressão popular pela condenação do policial que matou Floyd, até hoje não houve nenhuma alteração no regime desde então. Ao contrário, Joe Biden, presidente eleito recentemente, planeja endurecer ainda mais a política de segurança nacional dentro do território ianque. Nesse sentido, é preciso mobilizar para garantir o fim da polícia, a guardiã das arbitrariedades do maior Estado imperialista do mundo.