A crise desencadeada a partir da chegada da pandemia mundial do coronavírus ao país deu lugar a um conjunto de situações, as mais diversas, evidenciando e colocando em relevo os graves problemas que permeiam a sociedade nacional. A questão mais candente e que emergiu com maior ênfase e notoriedade foi, obviamente, a constatação inequívoca da mais completa incapacidade do Estado em oferecer uma assistência minimamente digna e eficaz ao conjunto da população, no que diz respeito ao atendimento nos hospitais e na rede pública de saúde.
Dentre os diversos outros aspectos que foram colocados em relevo com a crise epidêmica, merece destaque toda a polêmica envolvendo a questão do isolamento social e da quarentena, medida reivindicada pelos especialistas como forma de evitar, ou pelo menos minimizar, a contaminação pelo vírus causador da Covid-19. A propósito desta questão, vale salientar que para a classe operária, para os trabalhadores e as massas populares em geral a quarentena se apresenta como uma ficção, algo inexistente, sem qualquer relação prática com o cotidiano da população trabalhadora.
Entre os desatinos e as barbaridades que vem sendo adotadas pelo Estado burguês-golpista, a pretexto e sob a justificativa do combate à epidemia, está a repressão e o ataque aos direitos e garantias individuais da cidadania. A pé-disposição da burguesia e da extrema direita em instalar no país um Estado policial vem encontrando no falso discurso de combate ao vírus uma extraordinária oportunidade para o desencadeamento da repressão e da supressão das liberdades democráticas.
Neste sentido, são vários os governadores (da esquerda, inclusive) que vem adotando as medidas repressivas, sempre a pretexto de estar buscando a “defesa e o melhor” para a população. O fato é que em nome do isolamento social, os governadores estão aplicando multas, prisões e até mesmo agredindo quem está desrespeitando o isolamento. O exemplo mais claro desta política é a ação dos governadores de direita, João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ).
Ao invés do método do aconselhamento e do convencimento, do diálogo com o povo, os governadores direitistas estão colocando em prática a repressão, expondo a sua verdadeira vocação ditatorial, autoritária e repressiva. “O vírus não autoriza qualquer tipo de barbaridade política. Violência estatal de forma alguma se justifica”, declarou o analista político, presidente nacional do PCO, Rui Pimenta, ao portal 247.
O fato é que o regime burguês-fascista avança aceleradamente em direção a um estado policial aberto e sem disfarces. Nos estados, a política dos governadores é não só a mesma, como alguns já fazem ameaças explícitas e diretas a quem descumprir as medidas de isolamento, colocando o aparato policial nas ruas para intimidar e ameaçar a população. Tudo isto acontece sob os olhares complacentes da esquerda, que não só não faz nada diante destes abusos, com vem colaborando com a repressão, como é caso dos governadores de estados do Nordeste, que vêem adotando a mesma política repressiva.