Nesta semana, o ex-governador da Bahia, senador Jaques Wagner (PT) divulgou nas redes sociais que neste momento de crise econômica e de saúde pública não é hora de disputa entre opiniões e que é uma guerra de todos contra o mesmo inimigo ‘invisível’.
“Agora não é hora de Ba-Vi. A guerra é de todos nós contra um inimigo invisível. Não é hora de opinião, é hora de ciência”, afirmou o petista.
A afirmação de Jaques Wagner revela a confusão política da esquerda e apresenta a luta contra a extrema direita como uma disputa sem importância entre rivais, como o exemplo dado do BA-VI, como torcedores do Bahia e do Vitória, grandes clubes rivais de futebol no estado da Bahia.
Segundo o que foi colocado pelo petista, a crise econômica e a pandemia, colocam a direita e a esquerda unida contra um inimigo comum: o coronavírus, e que por isso é hora de deixar a disputa de lado.
Essa posição é totalmente falsa. Isso porque não se trata de uma mera disputa entre fanáticos de esquerda e fanáticos de direita, mas de como proceder com os recursos do Estado no combate a crise econômica agravada pela pandemia de coronavírus que se alastra pelo país.
O que está em jogo não é uma mera discordância ou uma oposição de quem torce para o Bahia ou para o Vitória, ou porque se gosta de Bolsonaro, Doria, Witzel ou Lula, Dilma ou outra personalidade da esquerda. A oposição se faz porque Bolsonaro e a direita é uma ameaça aos trabalhadores mais do que em outros períodos.
Se a direita consegue governar da maneira que quer, o povo vai sofrer, e muito. Em muitos casos vai pagar com a vida morrendo de fome ou nas portas dos hospitais porque a direita resolveu dar a totalidade dos recursos públicos para salvar banqueiros e a burguesia nacional.
Um bom exemplo disso é o que está ocorrendo os EUA com o coronavírus. Em Chicago, no estado de Illinois, onde os negros representam 30% da população da cidade, 68% das mortes por coronavírus foram de negros. E segundo os dados do governo norte-americano, segue a mesma tendência na Carolina do Norte, Louisiana, Michigan, Wisconsin e a capital, Washington. Ou seja, quem mais morre são os negros que vivem em condições precárias, com alimentação ruim e não possuem planos de saúde. E isso ocorre porque a burguesia dos EUA alocou os recursos do Estado para serem gastos com as pessoas mais abastadas.
Só com esse exemplo já fica absurda a colocação de que o inimigo é comum e as diferenças de opiniões ou ideologias de lado devem ficar de lado. Pelo contrário, devem ser acirradas ao máximo. Deveríamos perguntar ao ex-governador da Bahia se neste caso devemos ‘suspender o BA-VI entre negros e a burguesia’.
A esquerda tem que organizar a população mostrando que não só Bolsonaro é uma ameaça para eles, mas todos os elementos da direita, como João Doria, Wilson Witzel, Ibaneis Rocha, Romeu Zema, ACM Neto e tantos outros que são a pior corja desse país e que querem pegar os recursos do Estado, como estão efetivamente fazendo, e jogando nos bancos e nas grandes empresas. E enquanto isso dá migalhas ao povo como os R$ 600 de auxílio e outras medidas extremamente limitadas.
Principalmente neste momento de crise, a luta de classes ou a polarização deve ser acirrada ainda mais, pois a burguesia vai querer se utilizar de todos os recursos do Estado para se manter e deixar para o povo só a política da quarentena que não resolve nada por si só, pois a maior parte da população não tem condições de viver na quarentena ou em segurança, e vai morrer nas ruas ou esperando o atendimento nos hospitais. Um outro exemplo é o Equador, onde o golpista Lenin Moreno resolveu usar os recursos do Estado para pagar a dívida com os banqueiros enquanto há cadáveres abandonados nas ruas numa cena de horror e desespero da população. E se deixarmos é o que a direita e a extrema direita permitir essas cenas aqui no Brasil.
É preciso organizar a população e os trabalhadores para denunciar a direita e expulsa-los do poder. É preciso chamar o fora Bolsonaro, fora Doria, fora Witzel, fora ACM Neto e todos os golpistas para que os trabalhadores não sofram com as consequências da crise econômica e da pandemia de coronavírus.
É preciso lutar por um governo dos trabalhadores, da cidade e do campo, para enfrentar a crise.
Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
