É comumente conhecido que as atividades políticas realizadas pela direita brasileira costumam sempre partir do pressuposto de uma dita “defesa” do “bem” e do “cumprimento da lei”, montando operações que visam exercer controle sobre conquistas da população, desempenhando um papel arbitrário do que estaria ou não correto. Devido a isso, vemos em inúmeros momentos a burguesia utilizando-se de uma “fiscalização” sobre “irregularidades” em diversos programas sociais como forma de na realidade ataca-los.
Anteriormente em nome desse “bem comum” a direita já fez campanha por ir atrás de “irregularidades” em programas como Bolsa Família ou o INSS. Realizações essas das quais a direita de forma alguma compactua, e sim, aproveita este pretexto de “fiscalizar” para gerar uma intensa campanha contra estes direitos, minando-os e visando por fim a sua destruição, que é o verdadeiro objetivo dos golpistas.
Essa posição da burguesia representa uma forma sorrateira da qual os golpistas buscam, sem um ataque aberto à população que iria se revoltar contra isso, ir minando os programas sociais pouco a pouco, em algo que citando o general golpista Mourão seriam “aproximações sucessivas” no processo de ataque à população pobre.
Tal ocasião não se vê diferente em relação ao “Comitê contra fraude nas cotas”, criado em anos anteriores na USP e que vem sendo responsável por uma “fiscalização” em cima dos novos estudantes ingressados no campus – tudo isso em nome de um suposto bem maior, que seria denunciar pessoas que supostamente teriam entrado na universidade via ENEM utilizando as cotas de maneira “indevida”. Ou seja, o Comitê julga as pessoas por conta própria, decidindo assim que, mesmo se a pessoa já conseguiu de fato entrar na instituição, ela poderia estar lá de maneira ilegal.
Ao darmos de cara com isso, a primeira pergunta que vem é: qual seria de fato a função disto? Que benefício os estudantes realmente teria com essa política?
Fica explicito, na realidade, a partir do momento em que um estudante que supostamente cometeu fraude é retirado da universidade e sua vaga permanece lá, que esta política se concretiza apenas em um ataque aos estudantes e nenhum efeito prático em beneficio dos cotistas é realizado.
Com isso, percebe-se que esta campanha não só nada contribui para os estudantes que entram via cotas, como também cria sob estes cotistas uma nova etapa de “reavaliação” de se eles realmente “mereciam” esta ali, uma verdadeira perseguição travestida de um viés democrático raso, da qual origina naturalmente a base de uma campanha direitista contra as próprias cotas, as regulando e restringindo cada vez mais, ao passo de por fim acabar com elas.
Devemos rejeitas esta política direitista de buscar controlar e impor “fiscalizações” em cima de direitos conquistados pelo povo. Esta é a política do golpe, pois não se trata de descobrir se realmente há ou não irregularidades, mas sim que por meio de uma intensa campanha deseja destruir os poucos programas sociais que ainda existem nesse país.